sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

(7)-ESPOLIO DOS DEGREDADOS DE CAPELA

Vencidos os primeiros milênios, no seio dos povos despertou um sentimento de religiosidade, e este foi a porta através da qual adentraram os deuses. No inicio eram os seres imaginários das florestas, dos ventos, das águas e dos céus, porque acreditavam que seus poderes lhes permitiam fazer chover, cair os raios, aparecer o sol e todos os demais fenômenos. Mais tarde foi a vez dos astros serem endeusados, e entre estes o sol. Deuses também foram considerados, pelos conhecimentos que possuíam, os sobreviventes das catástrofes que destruíram as primeiras civilizações.
O escritor grego Evemero, no fim do III século a.C. afirmava, baseado em suas próprias observações, que os personagens mitológicos - os deuses - eram seres humanos que haviam sido divinizados pelo medo ou pela admiração dos povos, e exemplificava isso indicando a “auréola divina” que foi atribuída a Fo-Hi, Confúcio, Buda, Ho-shí, Moises, Zaratustra, Jesus e Maomé.
Os deuses, como a cidade de Tróia, foram muito mais do que lendas, lendas que na mesma proporção em que foram aceitas se fortaleceram, e ao se fortalecerem, transformaram-se em crenças, em doutrinas e religiões, das quais muitas delas até hoje mantem a arcaica crença que tudo o que acontece é sempre provocado pela mão de Deus. Mas, de que outra forma as singelas mensagens do infinito poderiam ser ouvidas, interpretadas e desenvolvidas, se não através da sensibilidade e por meio desta, da intuição? De que outra maneira as missivas divinas poderiam fazer eclodir na mente humana o entendimento apropriado a induzi-la, com a colaboração do tempo, a seguir a vereda cujo destino é a luz?
Hoje, milhares de anos depois, mesmo se muitas obras do passado ainda não foram interpretadas, o homem não se desvio da rota que lhe foi imposta. Continua percorrendo-a mesmo a passadas lentas. É por este motivo, entre muitos outro, que ao nível de suas instituições religiosas ou cientificas, lhe falta à humildade que é o instrumento que lhe permitiria sorver a “sabedoria” que o passado lhe deixou como legado, sabedoria que foi legada ao porvir por aqueles seres que aqui foram trazidos pela mão divina: As pirâmides, as tabuas da mesopotâmia, os monumentos megalíticos e todas as demais obras que para serem executadas, exigiram conhecimentos científicos que ainda não haviam florescido na face deste planeta. Será que é exeqüível quantificar o que efetivamente a humanidade está perdendo somente porque quem participa das ciências e das religiões se julgam mais sábios do que todos os demais?
A titulo de exemplo, quem não lembra da mítica cidade de Tróia, do cavalo de madeira deixado pelos gregos que Homero chama “aqueus”, do rei Priamo, Helena - a esposa que o amor de Paris roubou de Menelau, sem esquecer de Heitor e Aquiles? Tróia era considerada pela ciência, em outras palavras, por arqueólogos, pesquisadores e historiadores, tão somente um mito. Uma lenda inventada pelo lirismo de Homero. Por esse motivo a mitológica Tróia era objeto de dialogo somente entre os estudiosos de literatura.
Na segunda metade do século 19, no entanto, um alemão verdadeiramente apaixonado pelas ciências, acreditou que os ditos de Homero poderiam conter uma verdade, um fato histórico sobre o qual havia se erguido uma lenda. Chamava-se Heinrich Schliemann -1822-1890. Fanático por Homero e arqueólogo autodidata, buscou na Ilíada e em outros textos históricos como os de Alexandre Magno, o rei da Macedônia que no IV século a.C. visitara as ruínas de Tróia em busca de inspiração, as pistas que desejava. Seguindo-as, em 1871 descobriu uma pequena elevação chamada Hisarlik - forte poderoso na língua Turca, não muito longe da atual cidade de Istambul. Segundo suas deduções o local mais promissor para encontrar aquilo que procurava. Assim, mesmo sendo objeto de escárnio por parte de seus colegas, cavoucou a terra até que, estarrecido, viu dela ressurgir as ruínas de Tróia. Não as de uma única cidade, mas os vestígios de outras oito que haviam sido reconstruídas sempre sobre as ruínas das anteriores.
Outro exemplo, na Grécia, foi à descoberta da civilização cretense. O arqueólogo A. Evans, no século XIX, baseando-se nos mitos de Minos, o lendário rei de Creta considerado filho dos deuses Europa e Zeus, descobriu Cnossos, capital da Creta antiga, que havia atingido seu apogeu no II milênio a.C.
Ao redor dos anos 380 a.C., Platão, em suas obras “Crizia” e “Timeo”, descreveu uma ilha fabulosa localizada no oceano Atlântico - a imensidão líquida que separou os continentes da Europa e da América quando estes se afastaram. Esta ilha, Atlântida, é citada em centenas de livros desde Diodoro Sículo a Roger Bacom, de Proclo a Donnelly, passando por Aristóteles que a chama Antilhas, para chegar a Homero que a nomeia Ogígia, além de inúmeros outros nomes lendários como Campos Elíseos pelos gregos, Campos dos Papiros pelos Egípcios, Aztlan para os Maias e Astecas e Rutas pelos Hindus.
Esta ilha é ainda lembrada por inúmeras religiões quando descrevem o paraíso perdido cujos sobreviventes, sempre imaginariamente reduzidos a um homem e uma mulher, repovoaram o mundo.
A maioria destes conhecimentos, contudo, perdeu-se, e as razões já foram abordadas. No inicio o homem só conseguia se comunicar através de gestos e sons. Foram necessários milênios para que as primeiras formas rudimentares de comunicação se desenvolvessem. Superadas as dificuldades impostas pela comunicação verbal, a inteligência humana voltou-se para consubstanciar a escrita. Aos primeiros “testos” - desenhos sobre rochas - sucederam-se às gravações em baixo relevo sobre madeira e pedra. O passo seguinte contemplou a tinta sobre superfícies lisas: cortiça de arvore, peles ressecadas de animais e muito mais tarde o papiro e o pergaminho.
Quando finalmente escrever se tornou uma atividade exeqüível, considerando que para registrar o que quer que fosse sobre uma “folha” só era necessário - alem de saber fazê-lo, claro - possuir uma “caneta”, ainda assim por centenas e centenas de anos esta pratica se manteve restrita a poucos porque, mesmo quando se ampliou o numero dos que haviam aprendido a escrever, permanecia um obstáculo: vencer o vicio que até então vigorava: não se preocupar demasiadamente com o amanhã, e desse modo, tratar as experiências vividas e transmitir estes conhecimentos exclusivamente com a voz. Por esse motivo, parte do que os mestres ensinaram, para que não fosse esquecido foi registrado por seus discípulos. Mas quando o fizeram só conseguiram historiar suas memórias. Entretanto, em decorrência das escolas de Alexandria, na Grécia, já a partir dos anos 500-400 anos a.C., escrever havia se tornado uma profissão para alguns cidadãos das civilizações mais desenvolvidas, e quando as primeiras obras literárias começaram a ser composta, perceberam que esta riqueza cultural não podia ser perdida: surgiram assim as bibliotecas.
Estas, contudo, considerando que as grandes cidades sempre haviam sido construídas em áreas costeiras ou na margem de grandes rios, não somente não escaparam das exaltações humanas - as guerras - mas também não foram poupadas pela eclosão dos fenômenos naturais: maremotos, terremotos, inundações ou o próprio submergir de áreas inteiras.
Um bom exemplo é o que aconteceu em Atenas, capital da Grécia, em conseqüência dessa cidade ter sido escolhida para sediar os jogos Olímpicos de 2004.
Transformada em um imenso canteiro de obras para abrigar o maior evento esportivo do planeta, na medida em que as escavações se realizavam, começou a ser trazido à luz um tesouro arqueológico de valor inestimável: na construção da vila Olímpica, ao norte da capital, os operários depararam com um aqueduto erguido pelo imperador romano Adriano no segundo século.
Sob o solo do centro eqüestre de Markopoulo, ao leste de Atenas, foi encontrado um templo erigido a Afrodite, a deusa do amor, há mais de 2.500 anos.
Nas obras da raia olímpica, na praia de Schinias, foram desencavados vestígios de edificações que como mínimo haviam sido construídas 2.500 anos a. C.
Ruínas de 1.500 anos surgiram durante a ampliação da estrada aonde foi disputada a primeira maratona, para permitir a realização da mesma prova no evento de 2.004. E nas obras de expansão do metro, só na perfuração de um trecho de 2.5 Km., mais de 10.000 peças de varias épocas de valores históricos indescritíveis foram resgatadas.
Estes “documentos” encontrados acidentalmente, sem equívoco, são alguns poucos grãos de areia diante da imensidão do deserto se forem comparados com o todo que deve existir no subsolo das áreas aonde, reconhecidamente ou não, no longínquo passado se fixaram os povos que originaram as grandes civilizações do passado.
Outro exemplo vem do Egito onde, em 2004, arqueólogos poloneses encontraram treze salas de leitura, cada uma com capacidade para 5000 alunos, que devem ter pertencido á universidade que existia em Alexandria entre os séculos V e VII d.C.
Outros desfalques ao tesouro do saber se sucederam no vácuo deixado pelos milênios através das guerras. Os povos vencidos, submetendo-se aos invasores, não só eram obrigados a esquecer seus credos, mas na maioria das vezes eram despidos de tudo os que lembrava à sua cultura.
Ações semelhantes eram provocadas pela eterna rivalidade entre o poder terreno e o religioso. Quantos tesouros arqueológicos, por exemplo, foram destruídos ao redor do planeta quando o jesuitismo começou a “evangelizar” na marra os povos chamados pagãos?
O estudioso americano Matthew Battles em seu livro “A conturbada Historia Das Bibliotecas” - Editora Planeta - cita que quando os Árabes conquistaram Alexandria no ano 641 d.C., a biblioteca dessa capital egípcia possuía um acervo indescritível, em outras palavras, suas estantes guardavam os textos mais antigos da humanidade. O Califa de então (titulo assumido após a morte de Maomé no ano de 632 pelos chefes políticos e religiosos muçulmanos) determinou: se o que está escrito nos papiros egípcios concorda com o que está escrito no livro do nosso deus, eles são desnecessários, e se discorda, são indesejáveis. Queimem-nos. Milhares de rolos de papiro teriam então sido queimados transformando-os em combustível para as termas publicas da cidade.
O autor traça um panorama que vai das primeiras coleções de livros de que se tem noticia que remontam à Mesopotâmia de 3.000 anos a.C., até as colossais bibliotecas como a do Congresso americano que é a maior do mundo, afirmando que a historia demonstra que as bibliotecas sempre foram para os livros os locais menos seguros.
Es seus esforços para catequizar os astecas, no México do século XVI, os padres espanhóis destruíram os equivalentes pré-colombianos das bibliotecas, ou seja, os santuários com peças de couro e argila cujas inscrições em hieróglifos continham parte da memória daquela civilização.
Quando o Rei Henrique VIII rompeu com o catolicismo no século XVI, o acervo de livros das abadias inglesas passou a ser vendido como polpa para fabricação de novos volumes. Em segredo, no entanto, um dos seus ministros salvou vários deles, e entre estes, a copia mais antiga que se conhece de uma das obras fundadoras da literatura inglesa, o poema “Beowulf”.
Adolf Hitler, o ditador nazista, instigou seus partidários a promover queimas de livros na medida em que suas tropas avançavam sobre os outros paises, retirando, porém, antes disso, as obras que interessavam ao terceiro Reich, assim como fez Mão Tzé-tung durante a sua revolução cultural.
Battles diz que em 1992 - durante a guerra civil da Bósnia - um intelectual e líder nacionalista Sérvio mandou que fosse bombardeada a principal biblioteca de Sarajevo, e em 1998 os fanáticos do Talibã explodiram uma biblioteca com mais de 50.000 volumes no norte de Afeganistão. Sabe-se também que a imensa e mais antiga biblioteca, em termos cristãos, é a do Vaticano e essa também sofreu perdas inestimáveis quando o fogo proposital destruiu grande parte do seu patrimônio.
Quando Nabucodonosor, o rei da Babilônia, promoveu a expatriação da elite judaica depois de invadir e destruir seu reino porque este deixara de lhe pagar as taxas que cobrava, sua atitude não visava somente despedaçar o orgulho hebraico, mas, destruindo sua cultura, varrê-los da face da Terra. Não o conseguiu porque 50 anos depois, Ciro, o rei da Pérsia, ao invadir a Babilônia, permitiu aos judeus recompor o que haviam perdido.
Resumindo, em vários momentos da historia o controle do saber, por conseguinte, das bibliotecas, não somente significou ter o controle de um ou mais povos, mas um método para enfraquecê-lo, escravizá-lo ou ainda dizimá-lo.
Felizmente nos últimos anos, movidos por um consenso que assume que em suas raízes históricas e culturais os mitos podem conter algumas das respostas que a ciência procura, alguns antropólogos, arqueólogos, lingüistas, historiadores etc., começaram a procurar nas paginas dos livros mais velhos do mundo eventuais testos que lhe permitam nortear suas pesquisas.

Nos círculos esotéricos, onde pontificava a palavra esclarecida dos grandes mestres de então, sabia-se da existência do Deus Único e Absoluto, Pai de todas as criaturas e Providencia de todos os seres, mas os sacerdotes conheciam, igualmente, a função dos Espíritos prepostos de Jesus, na execução de todas as leis físicas e sociais da existência planetária, em virtude das suas experiências pregressas. Desse ambiente reservado de ensinamentos ocultos, partiu, então, a idéia politeísta dos numerosos deuses, que seriam os senhores da Terra, do Céu, do Homem e da Natureza.
As massas requeriam esse politeísmo simbólico, nas grandes festividades exteriores da religião. Já os sacerdotes da época conheciam essa fraqueza das almas jovens, de todos os tempos, satisfazendo-as com as expressões esotéricas de suas lições sublimadas. Dessa idéia de homenagear as forças invisíveis que controlam os fenômenos naturais, classificando-as para o espírito das massas, na categoria dos deuses, é que nasceu a mitologia da Grécia, ao perfume das arvores e ao som das flautas dos pastores, em contato permanente com a natureza.
Fonte: Livro “A Caminho da Luz” pelo espírito Emmanuel
e psicografado por Francisco Candido Xavier

(6)-CIVILIZAÇÕES ESQUECIDAS

Aquelas almas aflitas e atormentadas reencarnaram, proporcionalmente, nas regiões mais importantes, onde se haviam localizado as tribos e famílias primitivas, descendentes dos “primatas”. Com a sua reencarnação no mundo terreno, estabeleciam-se fatores definitivos na história etnológica dos seres.
Um grande acontecimento se verificara no planeta. É que, com estas entidades, nasceram no orbe os ascendentes das raças brancas.
Em sua maioria, estabeleceram-se na Ásia, de onde atravessaram o istmo de Suez para a África, na região do Egito, encaminhando-se igualmente para a longínqua Atlântida, de que varias regiões da América guardam assinalados vestígios.
Era na Índia de então que se reuniam os arianos puros, entre os quais cultivavam-se igualmente as lendas de um mundo perdido, no qual o povo hindu colocava as fontes de sua nobre origem. Alguns acreditavam se tratasse do antigo continente da Lemuria, arrasado em parte pelas águas dos Oceanos Pacifico e Indico, e de cujas terras ainda existem porções remanescentes como a Austrália.
A realidade, porem, qual já vimos, é que, como os Egípcios, os hindus eram um dos ramos da massa de proscritos da Capela, exilados no planeta. Deles descendem todos os povos arianos que floresceram na Europa e hoje atingem um dos mais agudos períodos de transição na sua marcha evolutiva.

O pensamento moderno é o descendente legitimo daquela grande raça de pensadores, que se organizou nas margens do Ganges, desde a aurora dos tempos terrestres, tanto que todas as línguas das raças brancas guardam as mais estreitas afinidades com o sânscrito, originário de sua formação e que constituía uma reminiscência da sua existência pregressa em outros planos.
Fonte: livro “A Caminho da Luz” pelo espírito Emmanuel
e psicografado por Francisco Candido Xavier.

As lendas que do passado trazem aos nossos dias as recordações das primeiras civilizações, que apesar de terem florescido entre 15.000 e 10.000 anos a.C. traziam em si mesmas conhecimentos científicos incalculavelmente maiores daqueles que existiam nas culturas que as sucederam milênios depois, dizem que estas se desenvolveram simultaneamente no continente da Lemuria e de Mu, enquanto que a maior delas, a de Atlântida, em um grande arquipélago que se situava depois das Colunas de Hercules.
A quarta, que destruída não deixou vestígios, localizava-se na área hoje conhecida como mediterrânea e foi desta, que muitos séculos depois, frutificou a cultura que naquela região surpreendeu o mundo.
Os homens que as construíram, dos quais foram reencontrados os primeiros traços no sitio de Dordogne, na França, onde receberam o nome “Cro-magnon”, possuíam o mesmo volume cerebral que o homem moderno possuí.

As lendas colocam a Lemuria (o nome foi herdado de uma raça de macacos que só se encontra na ilha de Madagascar e em uma região da Índia) em um continente do qual hoje somente permanece uma pequena parte, a Austrália, mas que naquele distante pretérito ligava a ilha de Madagascar à Índia, enquanto a de Mu nos arredores do oceano indico.
O ocidente conheceu esta civilização em 1870 por intermédio de James Churchward, um oficial inglês que servia na Índia. Este militar, encontrando-se um dia diante de um templo Hindu, entrou para conhecê-lo, mas a curiosidade que o interior lhe despertou foi tanta que chamou a atenção de um velho sacerdote. Este, apreciando o interesse de Churchward, lhe confidenciou que ali eram conservados textos antiqüíssimos, os únicos existentes que falavam a respeito de uma civilização que se havia desenvolvido em um continente que desaparecera chamado Mu. O inglês, interessado, explorou o sacerdote até que este lhe mostrou os documentos e lhe deu permissão para copiá-los. Mais tarde, por não ter conseguido decifrá-los, -los traduzir e algum tempo depois escreveu um livro. Entretanto, como a obra foi considerada irreal, caiu no descrédito.
O nome Mu, segundo ele, provinha de um símbolo encontrado em outro templo que se assemelhava a letra grega “mu” e suas paginas referiam que no continente desaparecido havia sete grandes cidades e que o povo de Mu, culto e sábio, era predominantemente branco, mas entre eles havia homens de cor. O livro de James afirmava ainda que esta civilização fora destruída como Atlântida. A Atlântida que foi descrita em dezenas de formas diferentes, em milhares de livros, mas sempre atribuindo a seu povo, ora bom e ora mau, o conhecimento de tecnologias que até hoje a humanidade não possue.
O nome Atlântida vem de Atlante - o mítico gigante que segurava o mundo nos ombros - e a sua localização, no Oceano Atlântico, correspondia a área cingida por Miami, Cuba, e as Bahamas: o triangulo das Bermudas. Atlântida, segundo é dito, teria desaparecido nas profundezas oceânicas 9000 anos a.C. devido aos distúrbios provocados pelo choque de um meteorito com a Terra.
Acrescentemos ainda que foram muitas as regiões litorâneas, arquipélagos, ilhas, e porque não continentes, que naquela epoca, a glaciação Worms, foram invadidas pelos mares porque estes, só devido ao degelo, tiveram o nível de suas águas aumentado em mais de 100 metros. Destarte, se a este cenário adicionarmos convulsões telúricas, terremotos, maremotos e ondas gigantescas provocados por abruptos choques entre as placas tectônicas em seqüência ao choque de um cometa, teremos um panorama avassalador.

Mesmo assim, Platão descreveu Atlântida como sendo uma ilha feliz de natureza fecunda, e Hesíodo, o poeta grego do século VIII a.C., autor de poemas didáticos como “Os trabalhos e os dias” e ”A Teogonia“, a descreve como uma terra feliz habitada por homens sábios. Homens sábios! Assim também foram chamados aqueles que sobreviveram a estas catástrofes pelos povos que os acolheram, e que posteriormente, devido ao imenso conhecimento que possuíam, os imortalizaram em suas lendas chamando-os deuses.

Mapa das placas tectônicas e vulcões ativos da área onde outrora existiu Atlântida

Em maio de 2001, quando os olhos do robô submarino da expedição canadense liderada pela engenheira russa Paulina Zelitsky da Advanced Digital Comunication - ADC - procuravam nos fundais do mar das caraíbas antigos barcos naufragados, acidentalmente, viram escondidas a 700 metros de profundidade, perto de um vulcão extinto diante da península cubana de Guanahacabibes, imensas estruturas de granito que se elevavam em ângulos retos sobre a areia branca do leito oceânico. Estes esqueletos, lembrando pirâmides e velhos restos de centros urbanos no estilo meso-americano, se espalhavam por uma área de cerca 20 Quilômetros quadrados.
Exploradas, nelas foram encontrados, esculpidos em baixo relevo, diversos símbolos e cruzes ovais similares aos signos minoicos e aos que são entalhados nos templos babilionenses e assírios. Similares, mas não idênticos, uma vez que se identificavam também com o alfabeto grego e com os símbolos da cultura Etrusca.
As imagens destas ruínas, que imediatamente fizeram pensar em Atlântida, passaram a ser de domínio publico visto que um acordo entre o National Geographic Institute e a Academia Cubana de Ciências, permitiu que fossem filmadas e transmitidas pela TV no mundo inteiro.



Em 1986, a 250 metros da ilha japonesa de Yonaguni, com o objetivo de ajudar a preparar um mapa de mergulho da região, Kihachiro Aratake estava mergulhando sem imaginar que naquele dia iria descobrir sem querer algo tão espetacular que além de mudar a vida da até então pacata ilha, levantaria uma cortina de dúvidas sobre os fundamentos de toda a arqueologia: “Parecia estar diante de um templo inca gigante, pensei presenciar algo impossível, fui tomado por um temor e emoção enormes", disse ele depois, explicando sua perplexidade.
Foi assim que o mundo tomou conhecimento da "Pirâmide de Yonaguni", o monumento adormecido sob as águas do pacífico que nos últimos anos se tornou o centro de discussões geológicas e arqueológicas, atraindo à pequena ilha de Yonaguni - sudoeste de Okinawa - milhares de estudiosos e curiosos.
Há apenas cinco metros abaixo da superfície em sua camada mais alta, a gigantesca estrutura de quase duzentos metros de comprimento, com altura total de pouco mais de vinte e sete metros, têm a idade de dez mil anos, ou seja, o dobro da pirâmide mais antiga do Egito que é a de Saqqara. Masaaki Kimura, geólogo da universidade de Ryukyu em Okinawa, foi o primeiro especialista a estudar a estrutura e a concluir que foi construída artificialmente, não sendo obra da natureza como acreditavam os locais: "Uma obra prima da engenharia, erguida por uma nova e desconhecida cultura que dominava a mais alta técnica e exímia habilidade", comentou ele. Depois foi a vez de Teruaki Ishii, professor de geologia da Universidade de Tóquio. Ele disse que as estruturas datam no mínimo de 8000 a.C. quando a terra onde a construção foi realizada teria submergido ao termino da ultima idade de gelo.
Aos poucos o debate científico no mundo asiático passou a atrair especialistas e estudiosos ocidentais. Robert Schoch, geólogo da universidade Boston e conhecido por defender a tese de que a esfinge do Egito foi construída pelo povo de Atlântida, viajou com uma equipe para o local: A pirâmide de Yonaguni é basicamente uma série de camadas enormes, cada uma com aproximadamente um metro de altura. Essencialmente é uma face de precipício como o lado de uma pirâmide. Algo extremamente interessante. É possível que a erosão natural da água combinado com o processo de pedras rachando e se dividindo possam criar uma estrutura desse tipo, mas eu não vejo como tal processo possa ter criado uma estrutura tão bem formada quanto esta, concluiu ele no seu veredicto. Graham Hancock, autor científico de bestsellers sobre outras eras também viajou ao local e emitiu sua opinião: "Na base do monumento há o que pode ser definido claramente como um caminho".
Contudo, não todos os pontos de vista foram semelhantes, porque o geólogo alemão Wolf Wichmann, após mergulhar várias vezes no local e recolher amostras de pedras para estudos, opinou de forma cética sobre o assunto: "O templo gigante nada mais é que um bloco sedimentar criado pela natureza. A pedra sedimentar é cortada por rachaduras verticais e fendas horizontais. Os degraus e ângulos de 90 graus se constituem nestas zonas de ruptura. A plataforma superior é um caso típico de como áreas planas de rochas sedimentares são formadas. Além disso as plataformas possuem inclinação e nenhuma parede está em ângulo reto apesar das sugestivas imagens dos detalhes", escreveu ele.
A favor de Wichmann está o fato de que os primeiros sinais de civilização no Japão datam do período Neolítico, ou seja, ao redor de 9000 AC.


Fonte: Jornal do Brasil 18/10/99

O Egito, ao longo dos tempos, sempre foi considerado o país detentor dos maiores conhecimentos, isso porque, até o reino de Psamético, fundador da XXVI dinastia 600 anos a.C., havia sido mantido fechado aos outros povos - a razão da sua longevidade milenar - e sua cultura só era transmitida, geração após geração, exclusivamente para as castas privilegiadas do seu próprio povo.
Herdeiro de conhecimentos cuja origem se perde na noite dos tempos, possuía documentos antiqüíssimos, e entre eles, segundo os primeiros historiadores, textos que falavam de um reino terrestre de deuses, semideuses e espíritos dos mortos. Infelizmente estes documentos foram perdidos, mas de certa forma isso não impede que seja reconstruída a sua história pré-dinastica.
Os Egiptólogos acreditam que a civilização egípcia iniciou cerca de 3.000 anos antes de Cristo com a subida ao trono do primeiro farão, Menés, que, além de ter sido o fundador da primeira dinastia, teria sido o responsável pela unificação do baixo e o alto Egito. Eles, porem, não levam em consideração certos documentos que atribuem à civilização Egípcia uma origem muito mais antiga porque os tem como “registros mitológicos”.
Esta egiptologia, que por não se afastar um milímetro sequer do seu paradigma exclui a priori que tenha havido uma civilização tecnologicamente mais avançada antes da primeira dinastia por eles fixada, classifica o período pré-dinastico como uma fase muito primitiva na qual até os instrumentos de metal utilizados eram rudimentares. No entanto, Heródoto de Halicarnasso, historiador muito viajado do V século a.C. afirmou em suas histórias que para os Egípcios, Heracles - que posteriormente veio a ser o deus Hercules dos latinos - era uma divindade muito mais antiga, aproximadamente 17.000 anos antes da época em que havia doze deuses.
Segundo Heródoto, no V século a.C. os Egípcios afirmavam que no decorrer dos últimos 11.340 anos nenhum dos seus deuses havia possuído forma humana e que isso jamais havia acontecido antes também. Asseveravam ainda que a sua cultura era tão antiga que nesse tempo o sol havia mudado de posição quatro vezes e que na posição em que naqueles dias desaparecia, já nascera em dois outros períodos longínquos.
Diodoro de Sicília - historiador grego 90 a.C. - afirma na sua “Biblioteca histórica” - história universal até 60 a.C. - que os egípcios asseguravam que do reinado de HelioRa - até a travessia do Helesponto - hoje estreito de Dardanelos - por Alexandre, haviam transcorrido cerca de vinte e três mil anos.
Diodoro esclarece ainda que, segundo algumas lendas, no inicio reinaram no Egito deuses heróis por pouco menos de dezoito mil anos e que o ultimo deste foi Hórus, filho de Ísis, e que os deuses mortais reinaram naquela terra por pouco menos de cinco mil anos, até a centésima octogésima Olimpíada.
Mâneton, sacerdote e historiador egípcio que viveu na época helenística - III-II século a.C. - elaborou uma obra chamada “história do Egito” baseando-se exclusivamente em documentos originais, obra esta que, mesmo extraviada, é refletida em vários trechos da “Historia Eclesiástica” de Eusébio de Cesárea - 265-340 d.C. - e na Crônica de Giorgio Sincello - cronógrafo bizantino - que conta a história do mundo até ao décimo século d.C.
Sincello reporta um trecho da obra de Mâneton que fala do reino dos deuses, semideuses e espíritos do antigo Egito, afirmando entre outras coisas que houve trinta e uma dinastias. Existe ainda outra obra histórica do escritor cristão Julio Africano - III século depois de Cristo - que fala sobre o Egito e das dinastias divinas, mas, como também esta foi perdida ou destruída, parte dela é reportada nos textos dos Pais da Igreja. Destas dinastias fala ainda a crônica de Eusébio de Cesárea que, citando textualmente os escritos de Mâneton, repete os períodos que os deuses governaram o Egito.
Existem muitas outras fontes, inclusive às dos gregos ilustres que visitavam o Egito. Eles afirmam que os sacerdotes confirmavam que a civilização egípcia datava de algumas dezenas de milhares de anos. Em muitos testos gregos encontram-se referência a isso.
Mesmo as pirâmides de Gisé eram consideradas, por varias fontes, muito mais antigas do que os anos que os egiptólogos lhe conferem, e estas fontes afirmam ainda que as pirâmides não haviam sido erguidas para servirem de túmulo, mas para manter “vivos” determinados conhecimentos científicos para impedir que se perdessem. Acredita-se que estas informações tenham sido gravadas ao longo dos reinados antigos - titulares destes conhecimentos - porque a casta dos sacerdotes que custodiava esta ciência estava pouco a pouco desaparecendo.

A assistência carinhosa do Cristo não desamparou a marcha desse povo cheio de nobreza moral. Enviou-lhe auxiliares e mensageiros, inspirando-o nas suas realizações, que atravessaram todos os tempos provocando admiração e respeito da posteridade de todos os séculos.
Aquelas almas exiladas, que as mais interessantes características espirituais singularizam, conheceram, em tempo, que o seu degredo na Terra atingia o fim. Impulsionados pelas forças do alto, os círculos iniciáticos sugerem a construção das grandes pirâmides, que ficariam como a sua mensagem eterna para as futuras civilizações do Orbe. Esses grandiosos monumentos teriam duas finalidades simultâneas: Representariam os mais sagrados templos de estudo e iniciação, ao mesmo tempo em que constituiriam, para os pósteros, um livro do passado, com as mais singulares profecias em face das obscuridades do porvir.
Levantaram-se, destarte, as grandes construções que assombraram a engenharia de todos os tempos. Todavia, não é o colosso de seus milhões de toneladas de pedras nem o esforço hercúleo do trabalho de sua justaposição o que mais empolga e impressiona a quantos contemplam esses monumentos. As pirâmides revelam os mais extraordinários conhecimentos daquele conjunto de espíritos estudiosos das verdades da vida. A par destes conhecimentos, encontram-se ali os roteiros futuros da humanidade terrestre. Cada medida tem a sua expressão simbólica, relativamente ao sistema cosmogônico do planeta e a sua posição no sistema solar.
Ali esta o meridiano ideal, que atravessa mais continentes e menos oceanos, e através do qual se pode calcular a extensão das terras habitáveis pelo homem, a distancia aproximada entre o Sol e a Terra, a longitude percorrida pelo Globo terrestre sobre a sua órbita no espaço de um dia, a precessão dos equinócios, bem como muitas outras conquistas cientificas que somente agora vêm sendo consolidadas pela moderna astronomia.
Depois dessa edificação extraordinária, os grandes iniciados do Egito voltaram ao plano espiritual, no curso incessante dos séculos.
Com seu regresso aos mundos ditosos da Capela, vão desaparecendo os conhecimentos sagrados dos templos tebanos, que, por sua vez, os receberam dos grandes sacerdotes de Mênfis.
Aos mistérios de Isis e de Osíris, sucedem-se os de Elêusis, naturalmente transformados nas iniciações da Grécia antiga.
Em algumas centenas de anos, reuniram-se de novo, nos planos espirituais, os antigos degredados, com a sagrada benção do Cristo, seu patrono e salvador. A maioria regressa, então, ao sistema Capela, onde os corações se reconfortam nos sagrados reencontros das suas afeições mais santas e mais puras, mas grande número desses Espíritos, estudiosos e abnegados, conservaram-se nas hostes de Jesus, obedecendo a sagrados imperativos do sentimento e, ao seu influxo divino, muitas vezes tem reencarnado na Terra, para desempenho de generosas e abençoadas missões.
Fonte: livro “A Caminho da Luz” pelo espírito Emmanuel
e psicografado por Francisco Candido Xavier

Que descrevem estes “reinos perdidos” existem ainda os velhos compêndios históricos: Piteías de Marselha (o navegador Marselhês que determinou a latitude de Marselha e explorou os mares do norte da Europa no IV século a.C), em uma de suas viagem pelos mares nórdicos chegou até a ilha de Tule que na época era o limite do mundo conhecido, e descreveu esta viagem no seu livro “ao redor do oceano”.
Muitos estudiosos daquele tempo, aparentemente não acreditaram em tudo que ele descreveu, mas geógrafos, astrônomos e matemáticos como Erastóstenes (matemático, astrônomo e filosofo grego da escola de Alexandria, 284- 192 a.C. que mediu o meridiano terrestre e a obliqüidade da eclíptica e escreveu o livro “crivo” que leva seu nome e do “mesolábio”, instrumento que permite resolver o problema da média proporcional), e Hiparco (astrônomo do II século a.C. que descobriu a precessão dos equinócios) - sim, porque seus relatos foram confirmados pelos cientistas gregos da escola de Alexandria através de medições pela posição dos astros.
A descrição do navegador - que inicialmente relatava que navegara seis meses durante dias e noites para depois navegar mais seis meses em plena escuridão, período este hoje conhecido como a longa noite ártica - continha muitos outros registros astronômicos.
Saindo de Marselha, navegara pela costa francesa, e da Espanha, atravessando o estreito de Gibraltar, entrou no oceano Atlântico e aportou na Grã Bretanha. Foi neste local que ouviu falar pela primeira vez na misteriosa ilha chamada Tule. Esta ilha, hipoteticamente localizada em qualquer parte do norte da Europa, foi objeto de muitas discussões. Até algum tempo atrás se acreditava que se encontrava perto da Islândia ou Groenlândia, mas, mais recentemente, os estudiosos a localizaram perto das Órcades - o arquipélago Britânico ao norte da Escócia que compreende cerca de 90 ilhas - e Shetland - outro arquipélago ao norte da Escócia.
Como o livro de Piteías também se perdeu nos séculos, as informações que nele inseriu podem ser encontradas em textos antigos como a ”historia natural de Plínio o Velho” (naturalista Romano - 23-79d.C. - autor da obra “historia natural” composta de 37 livros que é chamada enciclopédia da ciência antiga, que morreu por ocasião da erupção do Vesúvio que ficou histórica: como comandante da frota de Miseno, havia ido a Stabia - cidade da Campânia vizinha de Pompéia - no dia da catástrofe que sepultou Herculano e Pompéia, para salvar seus habitantes ameaçados pelo vulcão e observar o fenômeno).
No livro II da historia natural, pág. 186-187, lê-se: Assim, considerando o acréscimo variável dos dias, enquanto em Meroe a luz do dia mais longo tem 12 horas equinociais e 8/9 de hora, em Alexandria temos 14 horas, 15 na Itália e 17 na grã Bretanha, as noites de verão são claras e garantem sem nenhuma dúvida aquilo que a ciência impõe. Contudo, do outro lado, nos dias de solstício de verão, quando parece que o sol encosta mais no pólo e a luz tem um giro mais estreito, as terras que ali estão ao longo de seis meses tem dias claros de vinte e quatro horas e noites escuras de vinte e quatro horas que também se estendem por seis meses. Piteías escreveu que na ilha de Tule, que se distanciava da Grã Bretanha seis dias de navegação na direção norte, acontecia isso também.
No livro IV, pág.104, ainda consta: A um dia de navegação da ilha de Tule o mar é “sólido” e é chamado Crono. De onde deduziram que esta ilha se localizava nas adjacências do pólo norte onde o mar é “sólido” por estar gelado.
Plutarco, escritor grego (Beócia, 50-125 d.C.), que passou varias temporadas no Egito e em Roma na Itália, membro do colégio sacerdotal de Delfos, escreveu numerosas obras, e entre estas algumas se conservam até hoje. No seu livro “o vulto da lua” menciona uma ilha no oceano Atlântico chamada Crono, e diz, lembrando uma citação de Homero: longe no mar existe uma ilha chamada Ogígia - ilha lendária que chegou a ser considerada a ilha de Calipso celebrada por Homero em sua “Odisséia” - a cinco dias de navegação da Grã Bretanha na direção do ocidente. Um pouco mais adiante se encontram outras ilhas na direção do por do sol de verão, e em uma destas - segundo o relato dos aborígines locais - encontra-se Crono, prisioneiro de Zeus, vigiado por Briareu - um gigante filho do Céu e da Terra, que tinha cinqüenta cabeças e cem braços, um daqueles que segundo a lenda ajudou Zeus contra os titãs que era o guardião das ilhas e do mar chamado Crono.
O grande continente que está ao redor do oceano dista de Ogígia aproximadamente 5000 estádios (para os gregos um estádio é uma medida itinerária que corresponde a 185 metros) uma distancia um pouco menor daquela que separa as demais ilhas, e se chega navegando a remos, lentamente, devido á lama que é descarregada pelos rios. Estes deságuam da massa continental e com as suas enchentes trazem tanta terra para o mar a ponto de fazê-lo parecer gelado.
Quando a cada trinta anos o astro Crono - deus helênico, filho de Urano e Gaia e pai de Zeus - entra na constelação de touro, que chamamos Fenonte, enquanto os aborígines locais o conhecem como Nitturo, eles se preparam para fazerem sacrifícios no mar. Provavelmente Plínio e Plutarco falam da mesma ilha.

(5)-GLACIAÇÃO WURM

No Planeta Terra, por ser um ecossistema autônomo, o índice pluviométrico das chuvas, por maior que seja, jamais pode ser superior ao volume de água que dele se eleva através da evaporação para se condensar na atmosfera. Assim sendo, enquanto muitas religiões, por ser um texto bíblico, continuam vendendo a estória da arca de Noé (mesmo se dentro delas há uma crescente discordância por parte dos mais esclarecidos) a ciência, mesmo se ainda não oficialmente, já o elucidou da única forma possível: a verdadeira. Foi o amalgama que se formou misturando história e ciência, com mitologia e geofísicas que levou em 1997 os geólogos Walter Pitman e William Ryan a se aprofundar na matéria. As pesquisas que eles desenvolveram, mergulhando, vistoriando os locais, recolhendo e analisando amostras dos estrados sedimentares do mar Negro, demonstraram que naquela área, entre 5 a 6 mil anos a.C. existia um lago de água doce, e depois desta data, um fluxo de água proveniente do mar Mediterrâneo - atravessando o estreito do Bósforo - começou a despejar no mar Negro cerca de 10 quilômetros cúbicos de água por dia, em outras palavras, cerca de 300 vezes o volume de água que diariamente jorra das cascatas de Iguaçu.
Posteriormente, em 1999, durante a conferencia internacional “Oceanography of the Eastern Mediterraneam and Black Sea similarities and differences of twu interconneted basins” em Atenas, alguns pesquisadores tiveram a idéia de programar um outro evento: o “Noah 2000 International Projet” - Projeto Internacional Noé 2000. Concluído o evento, duas situações novas haviam surgido. A primeira, devido a provas que emergiram, permitiu concluir que no período neolítico, entre as antigas margens do mar negro e a do Mediterrâneo - margens estas ainda hoje perfeitamente identificáveis sob as águas - varias culturas haviam habitado o local. E a segunda foi à elaboração de um cenário recriando o que provavelmente havia acontecido no local para dar origem à “história” de Noé.
Durante as glaciações continentais a depressão do mar Negro havia se transformado em um imenso lago gelado e quando começou o degelo - que com suas águas viria a provocar o aumento global do nível dos mares - recebendo imenso volume de água vindo das montanhas, passou a despejar a que não podia reter no mar Mediterrâneo, cujo nível, como foi dito, era bem mais baixo, através dos estreitos do Bósforo e dos Dardanelos. Contudo, na proporção em que as geleiras do mundo continuavam a se derreter, o mar Mediterrâneo, devido a sua conexão com os demais, começou a ter seus níveis de água acentuadamente aumentados até inverter o processo, ou seja, a ser ele a despejar enormes quantidades de água no mar Negro, e através dele, a alagar a maior parte dos territórios adjacentes.

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1: Mar Mediterrâneo vendo-se no alto, à direita, o mar Negro.
2: período em que o mar negro despejava as água que recebia das montanhas devido ao degelo no mar Mediterrâneo.
3: período em que o nível da água dos mares, devido ao degelo (estima-se que tenha crescido 100 metros), fez com que o fosse o Mediterrâneo a despejar água no mar Negro.

Este período considera a ultima fase da glaciação Wurm que ficou conhecida pela serie de “ondas” quentes que se manifestaram 14.500, 13.00, 10.600 e 10.000 anos atrás até provocar um significativo aumento da temperatura global. Logo depois, cerca de 5.600 anos antes de Jesus Cristo, tem origem os quatro grandes mitos associados ao dilúvio; O bíblico e três de origem mesopotamicos, todos eles repetindo a mesma historia até nas particularidades: houve um aviso, construíram um barco, carregaram animais, a inundação chega, o patriarca navega com a sua família, liberta pássaros para checar se existe terra seca acima da água e finalmente todos deixam o barco e agradecem aos deuses ou “deus” no caso de Noé.
A origem e a cronologia são a mesma, e é até lógica se inserida no contesto de uma inundação de grandes proporções. Entretanto, o que para muitos é alógico, é a raiz do aviso.
A este respeito existem dois diferentes enfoques que por sua vez podem se fundir em um só. Mas antes de prosseguirmos vamos visualizar o estreito do Bósforo.


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1: mapa antigo – Neste mapa, por ser detalhado, vê-se a cidade de Istambul - antiga Constantinopla - e ao lado dela o estreito do Bósforo.
2: foto NASA – vê-se no centro dela, bem visível, o estreito do Bósforo ligando o mar Mediterrâneo ao mar Negro.

Um dos possíveis enfoques a respeito da raiz do aviso surge da consideração que, como a área era habitada, alguém, vendo que o nível da água do mar Mediterrâneo crescia sem cessar, simplesmente previu que a inundação iria acontecer.
Esta antevisão, previsivelmente assustadora considerando que a área - como até hoje é - era uma imensa planície, não deve ter deixado outra opção a não ser construir algo que navegasse com a dimensão necessária para salvar não só a família, mas seus bens, e entre estes os animais que possuíam.
Se acrescentarmos ainda que naquela época os fenômenos eram considerados uma manifestação divina, e quando se materializavam através de catástrofes, um castigo de “deus”, temos os ingredientes para a elaboração dos quatro mitos que na verdade são interpretações diferentes de um feito único que provavelmente é o de Noé.
Na Mesopotâmia, naquela época, assim como no Egito, começava-se a utilizar a escrita –hieróglifos - mas esta ciência permaneceu restrita - como continuou sendo por alguns milhares de anos ainda - aos sacerdotes.
Mesmo estes, no entanto, só passaram a utilizá-la para historiar fatos de cunho religiosos muito tempo depois. Em substancia o livro gênese, como os demais que compõem e velho testamento, deve ter sido escrito depois que Ciro, o rei da Pérsia - 558-528 a.C. - tomou a Babilônia e permitiu que os hebreus que lá se encontravam exilados retornassem para Israel. O que significa dizer que o feito de Noé, quando foi escrito aproximadamente 5.000 anos depois, não passava de um mito.
Não se pode desconsiderar, no entanto, a possibilidade que “alguém” tenha recebido de fato uma comunicação, não do “deus” bíblico, mas simplesmente daqueles que sempre tentam ajudar quando alguém possue merecimentos, em outras palavras espíritos do plano superior que na teologia cristã são chamados “espírito santo”.
Mas á outros detalhes que devem ser inseridos para que o cenário que foi desenhado no Projeto Internacional Noé 2000 se aproxime um pouco mais do verdadeiro.
· A 4.200 de altura do monte Ararat, na Turquia, existe uma grande estrutura de madeira sepultada sob muitos metros de gelo.
· Nos primeiros anos do século XIX este objeto, depois de ter sido observado por muitos exploradores, foi considerado o barco de Noé pelas autoridades turcas.
· Em 1955 uma expedição visitou o local, o filmou e retirou pedaços de madeira desta estrutura, madeira essa que, submetida aos testes de datação, demonstrou ter aproximadamente 5 mil anos de idade. Mais do que isso, chegaram a provar que a madeira não era daquela região.


Foto de satélite do Monte Ararat, um maciço vulcânico de 5.165 metros de altura

A pergunta que nesse momento pode ser formulada é a seguinte: como uma estrutura de madeira, seja ela de um barco ou não, pode ter sido elevada a 4.200 metros em uma montanha na Turquia? A primeira resposta é que toda aquela área foi alagada pelas águas do Mediterrâneo e a segunda diz respeito ao fato que toda aquela região, por estar circundada por placas tectônicas - naquela época muito mais instáveis do que são hoje -3 estava sujeita a constantes distúrbios telúricos e foram estes que se encarregaram de elevar o monte Ararat e com ele a madeira que nele estava incrustada.

mapa placas tectônicas

(4)-CHOQUES INTERPLANETÁRIOS

Na fase em que a nebulosa que viria a se tornar o Sol, obedecendo as leis celestes, girava vertiginosamente sobre seu próprio eixo, a força centrifuga produzida por este movimento, na medida em que lhe formava o núcleo, expulsava as partes que o efeito de constrição ainda não podia reter, impondo a todas elas a direção que foi assumida até que seu percurso, alimentado pela inércia, foi interrompido pelos fluxos e influxos das marés cósmicas.
Estes excessos, que por sua vez tornar-se-iam os planetas e satélites do sistema solar, enquanto no mesmo estado, plagiando a nebulosa mãe, até encontrar seu proprio equilíbrio núcleo-massa, seguiram espargindo suas porções, porções estas que ao se solidificarem se transformaram em cometas, meteoritos e pó cósmico. Planetas como Saturno fizeram deles seus anéis.
Estes corpos permaneceram desde então vagando no espaço obedecendo a suas órbitas até que, entre uma evolução e outra, obedecendo as mesmas leis cósmicas segundo as quais os corpos físicos se atraem mutuamente na razão direta do volume da sua massa, alguns são atraídos para rotas de colisão, novos traçados que seguem até se chocar com a massa que os atraí. Estes processos que em escala menor permanecem ativos até hoje, durante os primeiros milhões de anos, enquanto o recém nascido sistema solar se adequava à disciplina que coordena o cosmo, aconteciam quase que ininterruptamente. Mas na medida em que a ordem cósmica encontrou o seu equilíbrio, a freqüência começou a diminuir até se tornar episódica, ou seja, rareando progressivamente até praticamente desaparecer.
Todos os planetas do sistema solar - e dos milhares de outros sistemas solares que existem no Universo - sem exceção, possuem em sua superfície gigantescas crateras provocadas por estes impactos. No nosso planeta, mesmo nos últimos milênios, foram incontáveis os choques que ocorreram. Destes, felizmente, foram poucos os que causaram grandes catástrofes.
Estes eventos, que eclodiram em localidades e em épocas diferentes, se transformaram nas pitorescas lendas que acabamos de ler. Pitorescas à luz do XXI século, mas certamente uma descrição objetiva naquelas épocas remotas.
Estas ocorrências, através do trabalho de evangelização assumido pelos jesuítas ao redor do mundo, devido à interpretação afoita dos testos do velho testamento, foram unificados em um só: o dilúvio universal.

Entre os mistérios que continuam fascinando o homem existe o que está ligado ao desaparecimento dos dinossauros. Estes animais, que viveram 65 milhões de anos atrás, participaram do grupo de seres que inicialmente habitaram o orbe terrestre desaparecendo depois, de uma vez, após ter dominado por milhares de anos o planeta. Provas irrefutáveis a respeito da extinção desta espécie ainda não existem, mas os estudiosos da matéria estão praticamente todos de acordo e sustentam a hipótese de que a causa foi uma catástrofe planetária que desestruturou todo o ecossistema do planeta.
As pesquisas prosseguem no sentido de comprovar se o evento foi causado por circunstancias terrestres ou externas provenientes do espaço. O que é tido como certo, devido aos dados já recolhidos e analisados, é que a catástrofe apocalíptica foi de breve duração uma vez que os restos destes animais gigantescos são encontrados em grandes grupos, nos mesmos lugares, como se de fato, pressentindo o perigo, tivessem se reunido para enfrentá-lo.
Retornando às causas, estas continuam sendo procuradas seja no planeta como no espaço exterior. Na primeira hipótese poder-se-ia falar de uma mudança da inclinação do eixo terrestre com a conseqüente alteração ambiental e climática, sem falar do provável incremento da atividade vulcânica ao redor do globo e por redundância de uma imensa produção de gases e fumaça que, pelo efeito estufa provocado, poderiam ter impedido o normal processo de vida.
Estes, porém, são eventos que teriam necessitado de muito tempo para provocar a mortandade globalizada que efetivamente foi gerada. Assim a hipótese mais provável é que a causa teve origem no espaço ao redor do planeta.
Em verdade a terra, como todos os demais planetas, foi no passado, continua sendo hoje e sempre será, um possível alvo de meteoritos, asteróides, cometas e radiações cósmicas de particular intensidade. No passado, quando o sistema solar se encontrava em fase de assentamento, isso acontecia com freqüência e as provas são as crateras que cobrem a superfície de Mercúrio, da Lua, e de outros corpos planetários inclusive a própria terra.
Se refletirmos a respeito do cometa Shoemaker-Levy 9 que recentemente se desintegrou sobre Júpiter, deduziremos com facilidade que se isso tivesse acontecido sobre a terra às conseqüências, em relação à continuidade da vida humana no planeta, seriam indetermináveis.
Portanto é muito provável que na época dos dinossauros tenha acontecido alguma coisa semelhante, mesmo porque, analisando as estratificações do terreno e os anéis dos troncos das arvores, os estudiosos encontraram em diversas regiões do mundo áreas particularmente ricas de Irídio.
A pluralidade destes achados e o fato que este elemento é naturalmente raro na terra enquanto é abundante em outros planetas, é mais uma prova que aumenta as probabilidades que tenha de fato acontecido isso.
O choque teria sido responsável por mutações irreversíveis desde a elevação da temperatura pelo efeito estufa a partir dos bilhões de partículas de pó que se elevaram à atmosfera em função do choque, até a mudança dos parâmetros orbitais do planeta com sucessivas alterações climáticas passando por tudo o que já foi descrito. Existe outra possibilidade ainda, uma supernova que, explodindo no espaço do sistema solar, tenha irradiado por séculos para o nosso planeta radiações cósmicas maléficas cuja força venceu as proteções naturais fornecidas pela atmosfera. Independentemente de tudo isso, porém, os únicos indícios de relevância cientifica são representados pelo improviso aumento do índice de Irídio existente na terra e os restos de uma cratera localizada na península de Yucatan, no México.
Nos Andes foram achados traços de sedimentos marinhos a 3.800 metros de altitude e algumas ruínas de Tiahuanaco estão soterradas sob dois metros de lama desconhecida.
A dezoito metros da superfície do lago de Titicaca foram encontradas ruínas de construções erguidas pelo homem, e em suas águas restos de crustáceos e peixes marinhos. Tudo isso indica que a Terra foi atingida por um corpo vindo do espaço.
Fonte: www. Astrosurf. com/cosmoweb/catagmes.html

A cratera da península de Yucatan, no México, provocada pelo impacto de um meteorito 65 milhões de anos atrás, cuja explosão, além de criar uma depressão com um diâmetro entre 180 a 300 Km, teria criado as convulsões que causaram o extermínio dos dinossauros.

De tempos em tempos a Internet é varrida por uma onda de rumores – desmentidos – sobre algum corpo celeste desgarrado que estaria em rota de colisão com a Terra. Quase sempre o pivô da boataria é um objeto inócuo – como o asteróide Toutatis que deve chegar ás vizinhanças do planeta no fim de setembro e gerou alarde alguns meses atrás.
Apesar de muito grande, com 4.5 Km.de comprimento e 2.5 de largura, o Toutatis passa inofensivamente pela órbita da Terra a cada quatro anos. Seu plano de vôo não inclui nenhum pouso sobre a superfície terrestre nem agora nem para os próximos 600 anos pelo menos.
Assim como ele, não se conhece – ainda – nenhum outro corpo que possa se chocar com o planeta. O que não significa que não aja motivo para o nosso medo ancestral das tempestades celestiais de pedra e fogo.
Não só o sistema solar está repleto de cometas e asteróides, como seu numero parece aumentar a cada vez que se olha para o céu. Não é que eles estejam se multiplicando, claro: é que, quanto mais se refinam os instrumentos de observação, mais deles se vêem.
Cometas e asteróides são restos da formação dos planetas. Boa parte deles se mantém estável em algumas ilhas bem delimitadas como o Cinturão Principal entre Marte e Júpiter, o Cinturão de Kuiper que fica além de Netuno, e a nuvem de Ort, um aglomerado de lascas geladas que envolvem todo o sistema solar como uma casca de ovo.
De vez em quando, atraídos pela gravidade dos grandes planetas, alguns desses corpos escapam, mergulham em direção ao Sol e passam muito perto da Terra. São os chamados NEOs - sigla para objetos próximos da Terá, em Inglês. Os NEOS tem vocação para a destruição. Caso algum despenque por aqui, os estragos podem ser irremediáveis.
Acredita-se que tenha sido um desses assassinos voadores que eliminou os dinossauros, há 65 milhões de anos.
Em 1908 outro asteróide desgarrado irrompeu sobre a região de Tunguska, na Sibéria. Nem chegou a tocar no solo, mas sua explosão em pleno ar destroçou 2000 Km. quadrados de bosques. Por fim, as crateras que marcam a superfície terrestre deixam claro que esses foram apenas dois dentre milhares de bombardeios sofridos pelo planeta.
Todos os dias milhares de pedregulhos invadem a atmosfera terrestre. Calcula-se que o planeta receba, a cada dia, algo entre 1.000 e 10.000 toneladas de matéria vinda do espaço. A sorte é que a maioria desses invasores é muito pequena e se desintegra ao cruzar o escudo de ar que nos protege. No máximo proporcionam o poético espetáculo de uma estrela cadente. Mas, de tempos em tempos, algum corpo maior prega um susto. E não precisa nem mesmo entrar na atmosfera.
Em março deste ano um asteróide de 35 m. de diâmetro passou a meros 43.000 Km., de nos – um décimo da distancia entre a Terra e a Lua. Em termos astronômicos é uma fina, e o mais perto que um objeto alienígena chegou de nos sem nos atingir. E tem mais por ai.
O Minor Planet Center, órgão da União Astronômica Internacional – IAU - que centraliza as informações sobre cada novo corpo suspeito, tem registrado algo em torno de 3.000 NEOs, 700 dos quais com mais de 1 Km. de diâmetro. Ainda assim, o sistema solar vive um período de extrema calmaria se comparado ao campo de batalha no qual os planetas se formaram há mais de quatro bilhões de anos.
Àquela época as rochas e nuvens de poeira se chocavam no espaço e, atraídas pela força gravitacional, rodopiavam em torno do Sol agregando-se no que hoje chamamos de Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, e daí por diante.
Se hoje o céu segue o compasso de uma marcha o ritmo dominante naquele passado remoto era uma mistura de heavy metal com batuque do Olodum.
A responsável por este surto de sobressaltos cósmicos é a tecnologia. Desde que se começou a caçar os NEOs, o método de identificação continua basicamente o mesmo: fazem-se varias imagens de uma região do céu com intervalos de minutos e comparam-se as fotos em busca de pontos que se movam contra o fundo de planetas e estrelas - que parecem estacionados. A diferença é que, até a alguns anos, essas imagens eram registradas em fotografia tradicional e analisadas sob um microscópio. Hoje as fotos são digitais e estudadas por softwares que identificam variações de movimento, velocidade e brilho. Assim, a localização de asteróides deixou de ser uma brincadeira de esconde-esconde no escuro. E meia dúzia de programas oficiais de busca – como os americanos Neat e Linear – engorda o censo cósmico de NEOS muito velozmente. Apenas o Linear já identificou 1508 objetos próximos da Terra.
Foi graças aos avanços tecnológicos, também, que esses dois programas encontraram os mais recentes cometas batizados de Neat e Linear, as duas bolas brilhantes foram vistas por poucos no Brasil, em maio, como dois frustrantes chumacinhos de algodão.
A Internet também acelera a produtividade na caça por NEOS. Um pelotão de astrônomos – na maioria amadores – se incumbe de acompanhar cada suspeito medindo seu avanço ao longo do tempo e ajudando a traçar a seu percurso e o eventual risco de um impacto com a Terra. As informações são trocadas on-line.

No hemisfério sul, onde existem poucos observadores, o Brasil tem posição de destaque nessa tarefa. Os programas de patrulhamento desenvolvidos pelos astrônomos amadores Paulo Holvorcem, de Campinas, e Cristóvão Jaques, de B. Horizonte, por exemplo, já receberam dois prêmios em dinheiro para continuar seu bem-sucedido trabalho. O financiamento veio da Sociedade Planetária - uma associação fundada pelo astrônomo americano Carl Sagan para incentivar pesquisas sobre o sistema solar.
Os cálculos demonstram que cataclismos como o que eliminou os dinossauros acontecem a cada 100 milhões de anos mas ainda assim os brasileiros consideram a rastreamento uma questão de prudência. “quanto antes descobrirmos um asteróide que esteja vindo para cá, mais tempo teremos para achar um meio de desviá-lo ou destruí-lo” diz Jaques”.
A verdade é que as tecnologias de destruição de corpos invasores, apresentadas em filmes como “Impacto Profundo e Armageddon”, não passam, por ora, de ficção. E por mais preocupante que seja a noticia o pior pode mesmo acontecer.
O americano Timothy Spahr, do Minor Planet Center, em Massachusetts, já sentiu esse pavor. Em 1966, quando ainda era estudante, Spahr e um colega notaram pelo telescópio uma mancha que dobrava de tamanho a cada 48 hora – ou seja, parecia avançar em direção a Terra numa velocidade estonteante. Quatro dias depois um asteróide com diâmetro equivalente à altura de um prédio de 180 andares passou a apenas 450.000 Km. - pouco mais que a distancia até a Lua. “Se o objeto estivesse vindo contra nos não teríamos tempo de fazer absolutamente nada” disse ele a VEJA. O tempo, aliás, é o pior inimigo dos programas de busca. “Estamos ainda longe de cumprir a meta de mapear, até 2008, 90% dos NEOs com diâmetro maior de 1Km”. afirma Spahr. Observar e calcular é tudo que se pode fazer por ora na esperança de prevenir uma hecatombe. E ainda assim as certezas são relativas.
“O cosmo não é uma mesa de bilhar em que os asteróides e os planetas se chocam como bolas num percurso direto e bem definido”, diz o astrônomo Enos Picazzio, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciência Atmosférica da Universidade de São Paulo. “O sistema solar é parecido com um móbile em que a atração gravitacional entre o Sol e os planetas mexe com todo o conjunto e, a qualquer momento, pode lançar um objeto aparentemente estável em direção á Terra”.
Fonte: revista VEJA: Edição 1857, No. 23. de 9/6/2004.

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1: visualização do volume de asteróides ao redor do Planeta Terra (NASA)
2: NEO (asteróide) com cerca de 1.5 quilômetros (NASA)


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1:Cratera causada por um meteorito entre 20 a 50 milhões de anos atrás na Arizona, EUA.
2:Cratera causada por um meteorito entre 206 a 214 milhões de anos atrás no Canadá.
3:Cratera causada por um meteorito 5 milhões de anos atrás em Namíbia, África.
4:Meteorito de 452,6 gramas.
5:Mapa dos impactos dos maiores meteoritos.

(3)-DILÚVIO UNIVERSAL

Segundo a Bíblia - gênese 7: 1- 8 e 14 - O Senhor disse a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque te reconheci justo diante dos meus olhos, entre os da tua geração. De todos os animais puros tomarás sete casais, machos e fêmeas, e de todos os animais impuros tomaras um casal, macho e fêmea; das aves do céu igualmente sete casais, machos e fêmeas, para que se conserve viva a raça sobre a face de toda a terra. Dentro de sete dias farei chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites e exterminarei da superfície da terra todos os seres que eu fiz. Noé fez tudo o que o Senhor lhe tinha ordenado. Noé tinha seiscentos anos quando veio o dilúvio sobre a terra. Para escapar à inundação entrou na arca com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos. Dos animais puros e impuros, das aves e de tudo o que se arrasta sobre a terra. Entraram na arca de Noé um casal, macho e fêmea, como o Senhor tinha ordenado a Noé. Passados os sete dias, as águas do dilúvio precipitaram-se sobre a terra. No ano seiscentos da vida de Noé, no segundo mês, no décimo sétimo dia do mês, romperam-se naquele dia todas as fontes do grande abismo, e abriram-se as barreiras dos céus. A chuva caiu sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites. Naquele mesmo dia entrou Noé na arca, com Sem, Cam e Jafet, seus filhos, sua mulher e as três mulheres dos seus filhos; e com eles os animais selvagens de toda espécie, os animais domestico de toda espécie, os répteis de toda espécie que se arrastam sobre a terra, e tudo o que voa, de toda espécie, todas as aves e tudo que tem asas. De cada espécie que tem um sopro de vida um casal entrou na arca de Noé. Eles chegavam, macho e fêmea, de cada espécie como Deus tinha ordenado a Noé. E o Senhor fechou a porta atrás dele. O dilúvio caiu sobre a terra durante quarenta dias. As águas incharam e levantaram a arca que foi elevada acima da terra. As águas inundaram tudo com violência e cobriram toda a terra, e a arca flutuava sobre a superfície da água. As águas engrossaram prodigiosamente sobre a terra, e cobriram todos os altos montes que existem debaixo dos céus; e elevaram-se quinze côvados - aproximadamente 10 metros - acima dos montes que cobriam. Todas as criaturas que se moviam na terra foram exterminadas: aves, animais domésticos, feras selvagens e tudo o que se arrastava na terra, e todos os homens. Tudo o que respira e tem um sopro de vida sobre a terra pereceu. Assim foram exterminados todos os seres que se encontravam sobre a face da terra, desde os homens até os quadrúpedes, tanto os répteis como as aves do céu, tudo foi exterminado da terra. Só Noé ficou e o que se encontrava com ele na arca. As águas cobriram a terra pelo espaço de cento e cinqüenta dias.
Ora, Deus lembrou-se de Noé, e de todos os animais selvagens e de todos os animais domésticos que estavam com ele na arca. Fez soprar um vento sobre a terra, e as águas baixaram. As fontes do abismo fecharam-se, assim como as barreiras dos céus, e foram retiradas as chuvas. As águas foram se retirando progressivamente da terra; e começaram a baixar depois de cento e cinqüenta dias. No sétimo mês, no décimo sétimo dia do mês, a arca parou sobre as montanhas do Ararat. Entretanto, as águas iam diminuindo pouco a pouco até o décimo mês; e no décimo mês, no primeiro dia do mês, apareceram os cumes das montanhas.
No fim de quarenta dias, abriu Noé a janela que tinha feito na arca e deixou sair um corvo, o qual, saindo, voava de um lado para o outro, até que aparecesse a terra seca. Soltou também uma pomba, para ver se as águas teriam já diminuído na face da terra. A pomba, porem, não encontrando aonde pousar, voltou para junto dele na arca, porque havia ainda água na face da terra. Noé estendeu a mão, e tendo-a tomado, recolheu-a na arca. Esperou mais sete dias, e soltou de novo a pomba fora da arca. E eis que pela tarde ela voltou, trazendo no bico uma folha verde de oliveira. Assim Noé compreendeu que as águas tinham baixado sobre a terra. Esperou ainda sete dias, e soltou a pomba que desta vez não mais voltou.
No ano seiscentos e um, no primeiro mês, no primeiro dia do mês, as águas se tinham secado sobre a terra. Noé descobriu o teto da arca, olhou e viu que a superfície de solo estava seca. No segundo mês, no vigésimo sétimo dia do mês, a terra estava seca.
Segundo os chineses - No livro “Ch’ing-ting-ku-chin-t’su-shu-shi-ch’eng”, editado por imposição imperial para deixar para a posteridade todos os conhecimentos que aquela civilização possuía, os primeiros missionários jesuítas que visitaram a china leram: a terra inicialmente estremeceu e o céu abaixou. O sol, a lua e as estrelas mudaram seu percurso e depois a terra se abriu e do seu interior as águas se elevaram para o alto com violência e a inundaram. O homem se tinha rebelado ao seu Deus e o universo, desarmonizando-se, causou drásticas alterações em toda a natureza. Antes disso, porém, o deus trovão tinha dado um dente a duas crianças: Nuwa e Fuxi, pedindo que fosse plantado para que depois, quando a abóbora que ia nascer crescesse o suficiente, nela se abrigassem. Do dente nasceu imediatamente uma planta que produziu uma abóbora gigante. Quando o deus trovão começou a fazer chover as crianças subiram na abóbora e se abrigam dentro dela. Quando o dilúvio terminou não havia mais nenhum homem vivo e os dois únicos sobreviventes, Nuwa e Fuxi, repovoaram a terra.
Segundo os gregos - Nas odes de Pindaro, poeta lírico grego que viveu entre o ano 518 a 438 antes de Cristo e nos escritos de Apolônio de Rodes, poeta e gramático de Alexandria - 295 a 230 antes de Cristo - autor do poema Argonautas, quando o mítico Deucalião, filho de Prometeu, era rei de Ftiótis, na Tessália, ao sul do monte Olímpio, no litoral do mar Egeu, Zeus, o rei dos deuses do Olímpo, resolveu exterminar com um dilúvio a humanidade porque era irreverente e maligna. Para fugir à sua ira Deucalião fez construir uma arca mandando colocar nela as provisões necessárias para ele e sua esposa Pirra. Quando ele e a mulher entraram na arca o dilúvio começou e inundou a Grécia matando quase todos os seres humanos. Durante o dilúvio formaram-se as montanhas da Tessália, e quando o dilúvio terminou, aproximadamente nove dias e nove noites depois, a arca de Deucalião parou sobre o monte Parnaso. Quando Deucalião desceu da arca ofereceu um sacrifício a Zeus, e este mandou que ele e sua esposa Pirra jogassem, sem olhar, pedras trás de si. As pedras lançadas por Deucalião se transformaram em homens e as jogadas por Pirra em mulheres. Estes novos seres repovoaram o mundo.
Segundo os índios americanos - Existem, entre as tribos índias da América inúmeras lendas que tem em comum um dilúvio que destruiu a humanidade a exceção de algumas poucas pessoas. A dos Arikara diz que uma vez a terra era habitada por uma raça de gigantes, pessoas tão forte e tão confiante em si mesmas que faziam pouco causo dos deuses. O deus Nesaru, aborrecido, destruiu os gigantes por meio de um dilúvio, mas preservou seu povo e os animais pedindo-lhes que permanecessem em uma imensa gruta no alto de uma montanha.
Segundo os Incas - uma lenda Inca diz que este povo foi fundado por um grupo de sobreviventes de um dilúvio. No livro “Sociografia do Inkario”, aparentemente ainda não traduzido para o Português, é afirmado que todas as tradições das gentes do altiplano andino falam de um dilúvio que submergiu a terra inteira. Esta lenda diz que o dilúvio dizimou quase todos os seres vivos a exceção daqueles que conseguiram se esconder em tempo em uma gruta no alto de uma grande montanha. Estes deram origem às raças andinas.
Analogicamente os Maias do México e da América central tem uma lenda que fala de um dilúvio universal, o haiyococab, que significa “água sobre a terra”. O bispo católico “Las Casas” escreveu que os índios guatemaltecos chamam o dilúvio Butic, que significa inundação de muitas águas.
A mitologia Asteca fala em quatro períodos anteriores a era atual sendo a primeira habitada por gigantes. Nela se fala de um dilúvio no qual as águas de cima se misturaram com as de baixo apagando os horizontes e transformando tudo em um oceano cósmico.
Outra lenda conta que no quarto período a deusa das águas era Chalchihuitlicue e que seu reino perecera com o dilúvio sendo que os únicos sobreviventes eram os homens que haviam conseguido se transformar em peixes.


Outras lendas astecas e de outros povos andinos dão vários nomes aos sobreviventes do dilúvio: Coxcox, Tezpi, e Teoci-pactli, afirmando que sobreviveram por terem construído uma grande jangada e libertado ao longo do período inúmeras aves. Todas voltavam à exceção daquelas que se alimentavam com os corpos dos animais ou seres humanos que boiavam nas águas por se terem afogado. Um dia um pequeno colibri voltou com uma folha no bico e isso permitiu que a jangada ancorasse na montanha chamada Colhuacan. Quando as águas se retiraram construíram Cholula, uma grande pirâmide, com o objetivo de servir de abrigo se houvesse outros cataclismos. Esta pirâmide existe até hoje.
Os escritos Maias, como Popui Vuh, falam de sobreviventes que se esconderam em cavernas até o termino das inundações. As grutas subterrâneas são numerosas no Yucatan, e algumas contêm desenhos rupestres e esculturas de enormes animais, alguns com rostos humanos. Algumas delas contem provas visíveis que permaneceram submersas uma vez que até hoje existem vestígios de moluscos e crustáceos marinhos encravados em suas rochas.
Segundo os russos - Os soyot da Sibéria Rússia contam que uma gigantesca rã, sobre a qual se apoiava a terra, um dia se moveu e assim o mundo ficou inundado. Os sobreviventes foram somente um ancião e a sua família que se mantiveram sobre uma jangada até que esta parasse sobre uma alta montanha.
As lendas dos ugres, da mesma região ocidental e da Hungria, também falam do dilúvio e dizem que os sobreviventes do dilúvio para se salvar utilizaram jangadas e que estas, quando as águas começaram a baixar, andaram a deriva e desta forma foram levadas para varias regiões da terra povoando-as.
Segundo os persas - Na mitologia Persa o que soube prever o dilúvio chamava-se Yima e, ao contrário dos outros, construiu um enorme subterrâneo chamado vara com três andares e imensos corredores. Após terminá-lo convidou mil casais que selecionou com apuro, ou seja, os que não possuíam costumes reprováveis, não eram leprosos e tinham até bons dentes. Yima e seus companheiros permaneceram sob a terra enquanto na superfície havia incêndios, inundações e terremotos. Quando tudo terminou voltaram à superfície e repovoaram a terra.
Segundo os hindus - Na mitologia hindu existem varias versões com o mesmo protagonista, Manu, que é considerado o pai da humanidade e o primeiro legislador: Uma manhã levaram para Manu água para se lavar. Ao colocar suas mãos na água um pequeno peixe se deixou pegar - era Visnu na encarnação Matsya - que disse: cuida de mim e eu te salvarei. Do que você vai me salvar perguntou Manu? Um dilúvio virá e exterminará a humanidade. Você será o único sobrevivente. O que devo fazer para cuidar de você? O pequeno peixe instruiu Manu. Tempos depois o peixe disse: no ano tal acontecerá o dilúvio de que te falei. Constrói uma nave e quando as águas do dilúvio chegarem você embarca nela e eu te levarei a salvo. Manu seguiu as instruções e quando o dilúvio chegou entrou nela e o peixe, já grande, a puxou até a montanha norte. Depois disse: Você está salvo. Amarra a nave a uma arvore mas não deixe que a água te isole enquanto estiver na montanha. Quando a água se retirar você pode começar a descer! Satapatha-Brahmana.
Na outra versão o deus de Manu o advertiu que deveria construir um navio uma vez que aconteceria um dilúvio e nesta embarcação ele deveria embarcar com outros sete – rishi - sábios. Oito pessoas ao todo. Depois que a nau posou sobre o monte as águas do dilúvio baixaram e Manu saiu do navio e ofereceu o primeiro sacrifício ao seu deus yuga.
Segundo os índios Yanomami - Caiu o céu, fez se um buraco. Um pequeno buraco no céu com muitas falhas. O céu caiu, um buraco se fez no céu. O céu estrala. Uma parte do céu fica no lugar. Outra, caindo, matava jacamins no mato cerrado. Há uma onça, uma onça sentada. Muito longe tem uma maloca bonita de Yanomami. O rio se enche muito. Ficou muito grande, enorme. Na margem do rio a caça anda espalhada, anta, capivara, jacamim, jacu, papagaio, inambu-galinha, socó-boi, cuxiu. Um jacu valente esta apoiado nos galhos de uma arvore. Ficaram poucos Yanomami, acabaram. Só alguns ficaram morando. A grande enchente acabou com eles. Não sai mais água da terra. Todas as crianças morreram enquanto trepavam nas arvores para fugir da água. Outros Yanomami vão fugindo porque à água é muito funda. O buraco. O céu se fende e uma parte fica no lugar. O céu rompeu-se. Faz-se um buraco no céu. Na terra, onde desabou o céu, se faz um buraco.
Lá, longe, está o buraco. Hitão - nome de um Yanomami hoje existente do grupo tribal Hwayautheri - foi até lá. O buraco é muito fundo, e o fundo é luminoso como aqui.

(2)-INICIO DO MUNDO

Segundo a Bíblia - gênese 1: 1-25 - No principio Deus criou o céu e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus pairava sobre as águas. Deus disse: Faça-se a luz, e a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa, e separou as luz das trevas. Deus chamou a luz dia e as trevas noite. Sobreveio à tarde e depois a manhã: foi o primeiro dia.
Deus disse: Faça-se um firmamento entre as águas, e separe ele umas das outras. Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam debaixo do firmamento daquelas que estavam por cima. E assim fez. Deus chamou ao firmamento céus. Sobreveio à tarde e depois a manhã: foi o segundo dia. Deus disse: Que as águas que estão debaixo dos céus se ajuntem num mesmo lugar, e apareça o elemento árido. E assim se fez. Deus chamou ao elemento árido terra, e ao ajuntamento das águas, mar. Deus disse: Produza a terra plantas, ervas que contenham semente e arvores frutíferas que dêem frutos segundo a sua espécie e o fruto contenha a semente. E assim foi feito. E Deus viu que isso era bom. Sobreveio à tarde e depois a manhã: foi o terceiro dia.
Deus disse: Façam-se luzeiros no firmamento para separar o dia da noite; sirvam eles de sinais e marquem o tempo, os dias e os anos; e resplandeçam no firmamento dos céus para iluminar a Terra. E assim se fez. E fez também as estrelas. E Deus viu que isso era bom. Sobreveio à tarde e depois a manha: foi o quarto dia. Deus disse: Polulem as águas de uma multidão de seres vivos, e voem aves sobre a terra, debaixo do firmamento dos céus. Deus criou os monstros marinhos e toda a multidão de seres vivos que enchem as águas, segundo a sua espécie, e todas as aves segundo a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. E Deus os abençoou: Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, e enchei as águas do mar, e que as aves se multipliquem sobre a terra. Sobreveio à tarde e depois a manhã: foi o quinto dia. Deus disse: Produza a terra seres vivos segundo a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selvagens, segundo a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. Então Deus disse: Façamos o homem à nossa semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra. Deus criou o homem e à mulher. E assim se fez. Deus contemplou toda a sua obra e viu que tudo era muito bom. Sobreveio à tarde e depois a manhã: foi o sexto dia.
Segundo os fenícios - No inicio havia só o caos obscuro e cheio de ventos. Estes ventos cegos se acavalavam uns sobre os outros compondo uma espécie de nó amoroso cuja natureza era o desejo. Ao longo de um tempo que parecia uma eternidade o desejo fez cair um lodaçal aquoso chamado Mot. Este lodaçal gerou seres vivos, criaturas simples sem consciência de si mesmas. Delas nasceram outras mais complexas e assim por diante. Estes seres contemplando o céu perceberam que Mot tinha a forma de ovo, e existia o sol, a lua e os planetas.

Segundo os índios americanos Yakima - Antes de o mundo começar havia só água. Whee-me-me-owan o grande chefe do alto vivia no céu muito só. Quando decidiu criar o mundo desceu e foi para um local em que a água não era muito profunda e começou a tirar dela com as mãos muita lama que ficou terra seca. Fez uma montanha de lama tão alta que devido ao gelo ficou dura e se transformou em montanhas. Quando choveu a chuva se transformou em gelo e neve que ficou no cimo das montanhas. Um pouco daquela lama ficou tão dura que se transformou em rocha. Então o grande chefe do alto fez crescer arvores na terra, raízes e frutos. Com uma bola de lama fez um homem e lhe pediu para pegar os peixes da água, os cervos, e demais caças nas florestas. Quando o homem ficou chateado o grande chefe do alto fez uma mulher para lhe fazer companhia e ensinou-a a preparar as peles dos animais e a trabalhar raízes e cortiças para fazer cestas. Ensinou-lhe ainda quais os frutos e tubérculos que devia colher para preparar o alimento, como colhê-los e como secá-los. Por fim lhe ensinou a cozer o salmão e a caça que o homem trazia.
Segundo os egípcios de Hermópolis - No inicio havia só uma matéria primordial, Nu, o grande lago escuro, o silencio profundo. Nele oito criaturas nadavam: quatro com a cabeça de sapo - os machos - e quatro com a cabeça de serpente - as fêmeas. Havia ainda Num e Nanhet - as águas - Het e Hanhet - o espaço infinito - Kek e Hehet - a escuridão - e Amon e Amaunet - o desconhecido. Depois de um longo tempo eles fizeram nascer o sol e criaram Atum. Fundiram-se umas com as outras e formaram um grande ovo. Quando a casca quebrou apareceu o criador pai e mãe de todas as coisas e fonte de todas as vidas. As duas metades da casca separaram as águas do caos e o criador as transformou no mundo. Enquanto permanecia nas águas profundas o criador sentiu-se só e desejou habitar o novo mundo com outros seres. Assim seus pensamentos se transformaram em deuses e em todas as outras coisas que existem no mundo e depois disso suas palavras lhe deram vida.
Segundo os chineses - No inicio dos tempos havia só escuridão. O mundo era um ovo gigantesco que continha o caos. No interior do ovo dormia e crescia o gigante Panku que um dia improvisamente acordou e quebrou a casca do ovo. O conteúdo mais leve subiu e formou o céu e o mais pesado desceu e se transformou na terra. Por milhares de anos Panku, temendo que as duas partes voltassem a se juntar, as manteve separadas empurrando para cima o céu e forçando para baixo a terra com seus pés. Quando satisfeito com o seu trabalho Panku morreu, seu ultimo suspiro se transformou no vento e no som do trovão. Seu olho esquerdo se tornou o sol, o direito a lua, seus braços montanhas, suas veias sendas e estradas, seus cabelos estrelas do céu, sua carne terras e campos e seu suor em chuva e no orvalho da manhã. Assim o gigante Panku criou o mundo.
Segundo os Maias - Não havia animais, pedras, erva ou arvores. Só o céu e o mar existiam. Tepeu e Gucumatz o deus criador e o deus rei decidiram criar a terra e o sol. Em um segundo da neblina surgiram montanhas e bosques. Tepeu e Gucumatz criaram os animais e a cada um deles indicaram uma morada: uns deviam viver entre os cepos, outros nas arvores, e os demais em tocas no chão. Terminada a tarefa, os dois deuses chamaram os animais e lhes disseram: Falem, gritem, cantem os nossos nomes! Os animais porem só conseguiam ulular e não podiam pronunciar seus nomes.
Assim não dá, disseram os deuses. Então, experimentaram a criar o homem. O fizeram de lama, mas logo em seguida perceberam que alguma coisa estava errada porque o homem não tinha força: caia e a cabeça não permanecia erguida. Então disseram: vamos experimentar a esculpir o homem na madeira. Os bonecos de madeira assemelhavam-se ao homem, mas não tinham alma ou cérebro. Tepeu e Gucumatz estavam tristes, pois percebiam que criar o homem era uma tarefa difícil. Aproximaram-se então quatro animais: o gato, o coiote, o papagaio e o corvo e lhes entregaram uma espiga de milho madura. Tepeu e Gucumatz pegaram a espiga e moeram seus grãos com uma pedra. Misturaram a farinha de milho com a água do mar e com a massa criaram os músculos e a força do homem. Finalmente a sua obra estava perfeita: o homem possuía a alma e o cérebro e louvava a Tepeu e Gucumatz como sendo os criadores do céu e da terra.


Segundo os babilônios - Uma vez não existia nem o céu e nem a terra. Deuses caprichosos e dragões monstruosos habitavam o universo negro e vazio. O mais forte e generoso entre todos os deuses era Marduk o guerreiro. Uma longa espada pendia no seu flanco e suas mãos seguravam feixes de raios que rasgavam a escuridão com luzes que cegavam. Um dia Marduk encontrou na estrada um dragão de aspecto terrível. Esse monstro desconhecido possuía grandes asas emplumadas e cintilantes como os metais preciosos, e da sua boca aberta cheia de dentes pontudos saia um rugido surdo e ameaçador.
Meu nome é Tiamat, disse a horrível criatura. Você jamais conseguira vencer Tiamat o dragão dos abismos. Marduk não respondeu e em silencio recolheu de dentro de si a coragem que necessitava para vencer a prova que o aguardava. De repente o monstro pulou sobre Marduk, mas este, alerta, não se deixou surpreender. Rápido, jogou sobre o dragão uma rede de luz que paralisou Tiamat no meio do ar segurando-o com milhares raios. Rugidos monstruosos ecoaram pelo universo enquanto o dragão espumando de raiva tentava se libertar da rede. Marduk, então, tirou sua longa espada da bainha e cortou o monstro em duas partes. Prendeu as costas do monstro no alto para que se transformassem no céu e nas estrelas enquanto subia com os pés sobre o ventre do monstro que de imediato se transformou na terra com todos os seus mares e rios.
Segundo os gregos - Não existia a terra, o mar, ou qualquer outra coisa. Tão somente o caos sem formas além do tempo e do espaço. Improvisamente do caos apareceu à divindade Geia - o planeta terra - princípio da vida e mãe da estirpe divina, os deuses, a primeira realidade material da criação. Depois dela apareceu Eros - o amor, Tártaro - o local mais profundo do inferno aonde as almas malvadas sofrem as punições e Erebo - à noite. Geia por si só gerou Ponto - o mar e Urano -0 o céu estrelado que depois desposou. Dessa união nasceram os doze Titãs, seis homens e seis fêmeas: Oceano, Ceo, Cria, Iperione, Giapeto, Crono e Tea, Rea, Temi, Teti, Febe e Mnemosine além dos três Ecates com cinqüenta cabeças e cem braços, e os três ciclopes de um só olho.
Geia, a terra, uniu-se também com Ponto, o mar, e desta união nasceu Taumante que se tornou pai de Forco - o mar tempestuoso, Ceto - os perigos do mar tempestuoso e Euribia - a violência do mar tempestuoso. Iniciava-se assim o reinado de Urano que com Geia passou a governar a criação.
Urano era obcecado pela idéia que seus filhos lhe pudessem tirar o domínio do universo e para evitar que isso acontecesse queria prendê-los no centro da terra. Geia, triste e irritada pela atitude que seu esposo queria adotar em relação ao destino de seus filhos decidiu se vingar e com este fim construiu, sem que Urano o soubesse, uma faca com o ferro que retirou de suas entranhas. Reuniu os filhos e lhes pediu para que se rebelassem ao pai. Um só, Crono, o mais jovem, ousou seguir o conselho da mãe. De posse da faca escondeu-se na terra e esperou que o pai chegasse vindo do céu porque todas as noites descia para abraçar a sua esposa na escuridão.
Quando Urano chegou Crono o segurou com uma mão e com a outra o agrediu com a faca. Das feridas que lhe causou o sangue jorrou e fecundou Geia. Com esta fecundação Geia gerou as Erinni, as ninfas Meliadi, os Gigantes e as ninfas do Frassino, enquanto que da espuma dos seus genitais que caíram no mar foi gerada Afrodite. Urano, contudo, conseguiu fugir e jamais voltou a se aproximar de sua esposa Geia. Com a sua ausência a terra deveria passar a ser governada pelo filho mais velho, Oceano, um dos titãs, mas Crono, através da mentira, apossou-se do trono do pai.
A primeira coisa que fez foi libertar seus irmãos aprisionados a exceção dos Ciclopes e dos Ecates em relação aos quais nutria acentuadas duvidas relacionadas a sua lealdade. Este foi um erro que anos depois lhe cobraria tributos muito caros. Para continuar a obra da criação Crono escolheu Rea, sua irmã, uma das titãs como esposa, mas enquanto isso continuavam a aparecer inúmeras outras divindades: Tanatos - a morte, Eris - a discórdia, Nemesi - a vingança e Moiré - o destino, todos filhos de Erebo - à noite. Elios - o sol, Selene - a lua e Eos - a manhã, filhos dos titãs Iperione e Iride, e arco íris filha de Taumante.

Com Réia, Crono teve inúmeros outros filhos e entre eles Poseidon - o deus do mar, Ade - o deus dos ínferos, Era - a deusa do matrimonio, Demetra - a deusa do trigo e Estia - a protetora da casa. No reinado de Crono a terra conheceu a idade do ouro mas a sua tranqüilidade foi ferida quando lhe foi predito que seu reino teria fim pelas mãos do seu filho mais forte. Aterrorizado, tentando enganar o destino, começou a devorar seus filhos logo que eles nasciam guardando-os prisioneiros nas suas entranhas. Réia, desesperada, logo que nasceu seu ultimo filho, Zeus, foi até o seu esposo e, ao invés de lhe apresentar o filho, lhe entregou uma pedra enrolada nas faixas que tinha usado para envolver seu ultimo rebento. Sem nada suspeitar, ele pegou o que acreditava que fosse seu filho e o engoliu. O pequeno Zeus depois foi escondido em uma caverna do monte Ida, na ilha de Creta, sob a responsabilidade das filhas do rei daquela cidade, da cabra Amaltea que lhe fornecia o leite, de Ambrósia que com os seus chifres tirava o mel das abelhas e de uma águia que diariamente lhe trazia o néctar da imortalidade.
Quando Zeus cresceu subiu ao céu e através da mentira enganou seu pai Crono fazendo-o beber um preparado que lhe fez vomitar os filhos que havia engolido. Feito isso lhe declarou guerra. A luta prosseguiu por dez anos e ao longo deles a terra sofreu muitas transformações ao nível de seus contornos e montanhas sob os golpes de Crono e seus aliados os titãs, porque estes, com a força que possuíam, arrancavam rochas para projetar no monte Olimpio, o mais alto da Grécia, aonde Zeus e seus irmãos tinham estabelecido seu reino. A guerra ter-se-ia prolongado por muito mais tempo se Geia não tivesse interferido sugerindo a Zeus que libertasse os ciclopes e com eles estabelecesse uma aliança. Os Ciclopes para agradecer a Zeus a liberdade obtida lhe fabricaram os raios que utilizou como armas. Zeus em seguida libertou os Ecates, e estes, com seus cem braços, começaram a jogar uma indescritível quantidade de pedras sobre Crono e seus aliados que, atingidos também com seus raios, perderam a guerra. Crono foi enviado ao fim do mundo para reinar nas ilhas dos beatos enquanto os Titãs foram algemados no Tártaro. Terminou assim o segundo reinado. O terceiro iniciou com Zeus.
Segundo os índios Yanomami - Toda uma grande parte do céu se fendeu. Tudo acabou. Os pés do céu estão distantes. O céu que está em cima está escorado neles. O céu está suspenso no alto. Suas pernas de pau se fincam no chão. Surgiu outra fenda no céu que está encaixado em forquilhas. O céu ainda racha mais uma vez de novo. O tempo está nublado, tudo acabou. Não existe mato. A floresta tombando fez um buraco na terra e foi parar muito fundo. As arvores de folhas pequenas, raízes de fora e tronco curto, ao caírem racharam-se ao meio. No alto do céu ainda restou água, a água da chuva. A maloca pequena no alto do céu. Acabou-se tudo. Longe, longe, choram os Yanomami. Tudo acaba. Uma pequena maloca no alto, longe. Outra maloca construída perto. Aqui em cima a maloca dos antepassados. No começo dos tempos tudo acabou, caiu tudo de cima. Os Yanomami todos, no tapirí choram e angustiados batem nos hiima. Batiam muito, batiam também as panelas. Todos os meninos choram. Os Xamãs escoram o céu. Os Xamãs sustentavam o céu. Devagar levantam o céu, não muito alto, suspendem. Mais uma parte do céu com arvore se fende. Uma parte do céu fica no lugar - é aquela que se vê ainda hoje. O grande pajé escora o céu, escora muito. Aqui está um buraco enorme. Um buraco que se abriu aqui na terra. O céu ficou escorado com paus no fundo deste buraco muito fundo. O céu caiu fundo nas águas e ali se escorou. Todos os Yanomami choram. O buraco é muito fundo. Alguns estão agarrados em cipós. Os adultos e as crianças estão agarrados. O céu cai, o céu está em baixo e fundo. Não existem mais arvores. Todo sangue Yanomami se espalhou. Alguns Yanomami permanecem morando sob a terra, outros aqui em cima.
O universo é composto de três níveis ou plataformas finas de terra, uma sobre a outra, não muitos distantes entre elas. O nível superior, Utumusi, é habitado na parte de cima.Utumusi iaup -dorso do céu - pelos pores, espírito dos mortos, os imortais, - o pore vai para lá depois que os parentes queimam seu corpo e os pertences do yanomami que morreu, trovão, relâmpago e respectivo hiima. Este lugar é como uma terra prometida onde há fartura das melhores frutas e caças. Os Yanomami muito generosos mortos e cremados vão para lá.

Todos irão para lá porque não há Yanomami que não seja muito generoso. À parte de baixo do nível superior, Utum - é a terra em que moram. Abaixo da terra, Maxita paruk, há outra lua e outro sol. O nível de baixo é Maxita pepihan é em tudo idêntico ao nível intermediário. Há ainda nessa parte a morada dos hecuras, - espíritos de animais, vegetais e ancestrais que tanto podem ser maléficos como benéficos. São os espíritos que auxiliam os Xamãs e são eles que controlam as forças da natureza morando no miolo de uma serra de pedra.