sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

(2)-INICIO DO MUNDO

Segundo a Bíblia - gênese 1: 1-25 - No principio Deus criou o céu e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus pairava sobre as águas. Deus disse: Faça-se a luz, e a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa, e separou as luz das trevas. Deus chamou a luz dia e as trevas noite. Sobreveio à tarde e depois a manhã: foi o primeiro dia.
Deus disse: Faça-se um firmamento entre as águas, e separe ele umas das outras. Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam debaixo do firmamento daquelas que estavam por cima. E assim fez. Deus chamou ao firmamento céus. Sobreveio à tarde e depois a manhã: foi o segundo dia. Deus disse: Que as águas que estão debaixo dos céus se ajuntem num mesmo lugar, e apareça o elemento árido. E assim se fez. Deus chamou ao elemento árido terra, e ao ajuntamento das águas, mar. Deus disse: Produza a terra plantas, ervas que contenham semente e arvores frutíferas que dêem frutos segundo a sua espécie e o fruto contenha a semente. E assim foi feito. E Deus viu que isso era bom. Sobreveio à tarde e depois a manhã: foi o terceiro dia.
Deus disse: Façam-se luzeiros no firmamento para separar o dia da noite; sirvam eles de sinais e marquem o tempo, os dias e os anos; e resplandeçam no firmamento dos céus para iluminar a Terra. E assim se fez. E fez também as estrelas. E Deus viu que isso era bom. Sobreveio à tarde e depois a manha: foi o quarto dia. Deus disse: Polulem as águas de uma multidão de seres vivos, e voem aves sobre a terra, debaixo do firmamento dos céus. Deus criou os monstros marinhos e toda a multidão de seres vivos que enchem as águas, segundo a sua espécie, e todas as aves segundo a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. E Deus os abençoou: Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, e enchei as águas do mar, e que as aves se multipliquem sobre a terra. Sobreveio à tarde e depois a manhã: foi o quinto dia. Deus disse: Produza a terra seres vivos segundo a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selvagens, segundo a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. Então Deus disse: Façamos o homem à nossa semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra. Deus criou o homem e à mulher. E assim se fez. Deus contemplou toda a sua obra e viu que tudo era muito bom. Sobreveio à tarde e depois a manhã: foi o sexto dia.
Segundo os fenícios - No inicio havia só o caos obscuro e cheio de ventos. Estes ventos cegos se acavalavam uns sobre os outros compondo uma espécie de nó amoroso cuja natureza era o desejo. Ao longo de um tempo que parecia uma eternidade o desejo fez cair um lodaçal aquoso chamado Mot. Este lodaçal gerou seres vivos, criaturas simples sem consciência de si mesmas. Delas nasceram outras mais complexas e assim por diante. Estes seres contemplando o céu perceberam que Mot tinha a forma de ovo, e existia o sol, a lua e os planetas.

Segundo os índios americanos Yakima - Antes de o mundo começar havia só água. Whee-me-me-owan o grande chefe do alto vivia no céu muito só. Quando decidiu criar o mundo desceu e foi para um local em que a água não era muito profunda e começou a tirar dela com as mãos muita lama que ficou terra seca. Fez uma montanha de lama tão alta que devido ao gelo ficou dura e se transformou em montanhas. Quando choveu a chuva se transformou em gelo e neve que ficou no cimo das montanhas. Um pouco daquela lama ficou tão dura que se transformou em rocha. Então o grande chefe do alto fez crescer arvores na terra, raízes e frutos. Com uma bola de lama fez um homem e lhe pediu para pegar os peixes da água, os cervos, e demais caças nas florestas. Quando o homem ficou chateado o grande chefe do alto fez uma mulher para lhe fazer companhia e ensinou-a a preparar as peles dos animais e a trabalhar raízes e cortiças para fazer cestas. Ensinou-lhe ainda quais os frutos e tubérculos que devia colher para preparar o alimento, como colhê-los e como secá-los. Por fim lhe ensinou a cozer o salmão e a caça que o homem trazia.
Segundo os egípcios de Hermópolis - No inicio havia só uma matéria primordial, Nu, o grande lago escuro, o silencio profundo. Nele oito criaturas nadavam: quatro com a cabeça de sapo - os machos - e quatro com a cabeça de serpente - as fêmeas. Havia ainda Num e Nanhet - as águas - Het e Hanhet - o espaço infinito - Kek e Hehet - a escuridão - e Amon e Amaunet - o desconhecido. Depois de um longo tempo eles fizeram nascer o sol e criaram Atum. Fundiram-se umas com as outras e formaram um grande ovo. Quando a casca quebrou apareceu o criador pai e mãe de todas as coisas e fonte de todas as vidas. As duas metades da casca separaram as águas do caos e o criador as transformou no mundo. Enquanto permanecia nas águas profundas o criador sentiu-se só e desejou habitar o novo mundo com outros seres. Assim seus pensamentos se transformaram em deuses e em todas as outras coisas que existem no mundo e depois disso suas palavras lhe deram vida.
Segundo os chineses - No inicio dos tempos havia só escuridão. O mundo era um ovo gigantesco que continha o caos. No interior do ovo dormia e crescia o gigante Panku que um dia improvisamente acordou e quebrou a casca do ovo. O conteúdo mais leve subiu e formou o céu e o mais pesado desceu e se transformou na terra. Por milhares de anos Panku, temendo que as duas partes voltassem a se juntar, as manteve separadas empurrando para cima o céu e forçando para baixo a terra com seus pés. Quando satisfeito com o seu trabalho Panku morreu, seu ultimo suspiro se transformou no vento e no som do trovão. Seu olho esquerdo se tornou o sol, o direito a lua, seus braços montanhas, suas veias sendas e estradas, seus cabelos estrelas do céu, sua carne terras e campos e seu suor em chuva e no orvalho da manhã. Assim o gigante Panku criou o mundo.
Segundo os Maias - Não havia animais, pedras, erva ou arvores. Só o céu e o mar existiam. Tepeu e Gucumatz o deus criador e o deus rei decidiram criar a terra e o sol. Em um segundo da neblina surgiram montanhas e bosques. Tepeu e Gucumatz criaram os animais e a cada um deles indicaram uma morada: uns deviam viver entre os cepos, outros nas arvores, e os demais em tocas no chão. Terminada a tarefa, os dois deuses chamaram os animais e lhes disseram: Falem, gritem, cantem os nossos nomes! Os animais porem só conseguiam ulular e não podiam pronunciar seus nomes.
Assim não dá, disseram os deuses. Então, experimentaram a criar o homem. O fizeram de lama, mas logo em seguida perceberam que alguma coisa estava errada porque o homem não tinha força: caia e a cabeça não permanecia erguida. Então disseram: vamos experimentar a esculpir o homem na madeira. Os bonecos de madeira assemelhavam-se ao homem, mas não tinham alma ou cérebro. Tepeu e Gucumatz estavam tristes, pois percebiam que criar o homem era uma tarefa difícil. Aproximaram-se então quatro animais: o gato, o coiote, o papagaio e o corvo e lhes entregaram uma espiga de milho madura. Tepeu e Gucumatz pegaram a espiga e moeram seus grãos com uma pedra. Misturaram a farinha de milho com a água do mar e com a massa criaram os músculos e a força do homem. Finalmente a sua obra estava perfeita: o homem possuía a alma e o cérebro e louvava a Tepeu e Gucumatz como sendo os criadores do céu e da terra.


Segundo os babilônios - Uma vez não existia nem o céu e nem a terra. Deuses caprichosos e dragões monstruosos habitavam o universo negro e vazio. O mais forte e generoso entre todos os deuses era Marduk o guerreiro. Uma longa espada pendia no seu flanco e suas mãos seguravam feixes de raios que rasgavam a escuridão com luzes que cegavam. Um dia Marduk encontrou na estrada um dragão de aspecto terrível. Esse monstro desconhecido possuía grandes asas emplumadas e cintilantes como os metais preciosos, e da sua boca aberta cheia de dentes pontudos saia um rugido surdo e ameaçador.
Meu nome é Tiamat, disse a horrível criatura. Você jamais conseguira vencer Tiamat o dragão dos abismos. Marduk não respondeu e em silencio recolheu de dentro de si a coragem que necessitava para vencer a prova que o aguardava. De repente o monstro pulou sobre Marduk, mas este, alerta, não se deixou surpreender. Rápido, jogou sobre o dragão uma rede de luz que paralisou Tiamat no meio do ar segurando-o com milhares raios. Rugidos monstruosos ecoaram pelo universo enquanto o dragão espumando de raiva tentava se libertar da rede. Marduk, então, tirou sua longa espada da bainha e cortou o monstro em duas partes. Prendeu as costas do monstro no alto para que se transformassem no céu e nas estrelas enquanto subia com os pés sobre o ventre do monstro que de imediato se transformou na terra com todos os seus mares e rios.
Segundo os gregos - Não existia a terra, o mar, ou qualquer outra coisa. Tão somente o caos sem formas além do tempo e do espaço. Improvisamente do caos apareceu à divindade Geia - o planeta terra - princípio da vida e mãe da estirpe divina, os deuses, a primeira realidade material da criação. Depois dela apareceu Eros - o amor, Tártaro - o local mais profundo do inferno aonde as almas malvadas sofrem as punições e Erebo - à noite. Geia por si só gerou Ponto - o mar e Urano -0 o céu estrelado que depois desposou. Dessa união nasceram os doze Titãs, seis homens e seis fêmeas: Oceano, Ceo, Cria, Iperione, Giapeto, Crono e Tea, Rea, Temi, Teti, Febe e Mnemosine além dos três Ecates com cinqüenta cabeças e cem braços, e os três ciclopes de um só olho.
Geia, a terra, uniu-se também com Ponto, o mar, e desta união nasceu Taumante que se tornou pai de Forco - o mar tempestuoso, Ceto - os perigos do mar tempestuoso e Euribia - a violência do mar tempestuoso. Iniciava-se assim o reinado de Urano que com Geia passou a governar a criação.
Urano era obcecado pela idéia que seus filhos lhe pudessem tirar o domínio do universo e para evitar que isso acontecesse queria prendê-los no centro da terra. Geia, triste e irritada pela atitude que seu esposo queria adotar em relação ao destino de seus filhos decidiu se vingar e com este fim construiu, sem que Urano o soubesse, uma faca com o ferro que retirou de suas entranhas. Reuniu os filhos e lhes pediu para que se rebelassem ao pai. Um só, Crono, o mais jovem, ousou seguir o conselho da mãe. De posse da faca escondeu-se na terra e esperou que o pai chegasse vindo do céu porque todas as noites descia para abraçar a sua esposa na escuridão.
Quando Urano chegou Crono o segurou com uma mão e com a outra o agrediu com a faca. Das feridas que lhe causou o sangue jorrou e fecundou Geia. Com esta fecundação Geia gerou as Erinni, as ninfas Meliadi, os Gigantes e as ninfas do Frassino, enquanto que da espuma dos seus genitais que caíram no mar foi gerada Afrodite. Urano, contudo, conseguiu fugir e jamais voltou a se aproximar de sua esposa Geia. Com a sua ausência a terra deveria passar a ser governada pelo filho mais velho, Oceano, um dos titãs, mas Crono, através da mentira, apossou-se do trono do pai.
A primeira coisa que fez foi libertar seus irmãos aprisionados a exceção dos Ciclopes e dos Ecates em relação aos quais nutria acentuadas duvidas relacionadas a sua lealdade. Este foi um erro que anos depois lhe cobraria tributos muito caros. Para continuar a obra da criação Crono escolheu Rea, sua irmã, uma das titãs como esposa, mas enquanto isso continuavam a aparecer inúmeras outras divindades: Tanatos - a morte, Eris - a discórdia, Nemesi - a vingança e Moiré - o destino, todos filhos de Erebo - à noite. Elios - o sol, Selene - a lua e Eos - a manhã, filhos dos titãs Iperione e Iride, e arco íris filha de Taumante.

Com Réia, Crono teve inúmeros outros filhos e entre eles Poseidon - o deus do mar, Ade - o deus dos ínferos, Era - a deusa do matrimonio, Demetra - a deusa do trigo e Estia - a protetora da casa. No reinado de Crono a terra conheceu a idade do ouro mas a sua tranqüilidade foi ferida quando lhe foi predito que seu reino teria fim pelas mãos do seu filho mais forte. Aterrorizado, tentando enganar o destino, começou a devorar seus filhos logo que eles nasciam guardando-os prisioneiros nas suas entranhas. Réia, desesperada, logo que nasceu seu ultimo filho, Zeus, foi até o seu esposo e, ao invés de lhe apresentar o filho, lhe entregou uma pedra enrolada nas faixas que tinha usado para envolver seu ultimo rebento. Sem nada suspeitar, ele pegou o que acreditava que fosse seu filho e o engoliu. O pequeno Zeus depois foi escondido em uma caverna do monte Ida, na ilha de Creta, sob a responsabilidade das filhas do rei daquela cidade, da cabra Amaltea que lhe fornecia o leite, de Ambrósia que com os seus chifres tirava o mel das abelhas e de uma águia que diariamente lhe trazia o néctar da imortalidade.
Quando Zeus cresceu subiu ao céu e através da mentira enganou seu pai Crono fazendo-o beber um preparado que lhe fez vomitar os filhos que havia engolido. Feito isso lhe declarou guerra. A luta prosseguiu por dez anos e ao longo deles a terra sofreu muitas transformações ao nível de seus contornos e montanhas sob os golpes de Crono e seus aliados os titãs, porque estes, com a força que possuíam, arrancavam rochas para projetar no monte Olimpio, o mais alto da Grécia, aonde Zeus e seus irmãos tinham estabelecido seu reino. A guerra ter-se-ia prolongado por muito mais tempo se Geia não tivesse interferido sugerindo a Zeus que libertasse os ciclopes e com eles estabelecesse uma aliança. Os Ciclopes para agradecer a Zeus a liberdade obtida lhe fabricaram os raios que utilizou como armas. Zeus em seguida libertou os Ecates, e estes, com seus cem braços, começaram a jogar uma indescritível quantidade de pedras sobre Crono e seus aliados que, atingidos também com seus raios, perderam a guerra. Crono foi enviado ao fim do mundo para reinar nas ilhas dos beatos enquanto os Titãs foram algemados no Tártaro. Terminou assim o segundo reinado. O terceiro iniciou com Zeus.
Segundo os índios Yanomami - Toda uma grande parte do céu se fendeu. Tudo acabou. Os pés do céu estão distantes. O céu que está em cima está escorado neles. O céu está suspenso no alto. Suas pernas de pau se fincam no chão. Surgiu outra fenda no céu que está encaixado em forquilhas. O céu ainda racha mais uma vez de novo. O tempo está nublado, tudo acabou. Não existe mato. A floresta tombando fez um buraco na terra e foi parar muito fundo. As arvores de folhas pequenas, raízes de fora e tronco curto, ao caírem racharam-se ao meio. No alto do céu ainda restou água, a água da chuva. A maloca pequena no alto do céu. Acabou-se tudo. Longe, longe, choram os Yanomami. Tudo acaba. Uma pequena maloca no alto, longe. Outra maloca construída perto. Aqui em cima a maloca dos antepassados. No começo dos tempos tudo acabou, caiu tudo de cima. Os Yanomami todos, no tapirí choram e angustiados batem nos hiima. Batiam muito, batiam também as panelas. Todos os meninos choram. Os Xamãs escoram o céu. Os Xamãs sustentavam o céu. Devagar levantam o céu, não muito alto, suspendem. Mais uma parte do céu com arvore se fende. Uma parte do céu fica no lugar - é aquela que se vê ainda hoje. O grande pajé escora o céu, escora muito. Aqui está um buraco enorme. Um buraco que se abriu aqui na terra. O céu ficou escorado com paus no fundo deste buraco muito fundo. O céu caiu fundo nas águas e ali se escorou. Todos os Yanomami choram. O buraco é muito fundo. Alguns estão agarrados em cipós. Os adultos e as crianças estão agarrados. O céu cai, o céu está em baixo e fundo. Não existem mais arvores. Todo sangue Yanomami se espalhou. Alguns Yanomami permanecem morando sob a terra, outros aqui em cima.
O universo é composto de três níveis ou plataformas finas de terra, uma sobre a outra, não muitos distantes entre elas. O nível superior, Utumusi, é habitado na parte de cima.Utumusi iaup -dorso do céu - pelos pores, espírito dos mortos, os imortais, - o pore vai para lá depois que os parentes queimam seu corpo e os pertences do yanomami que morreu, trovão, relâmpago e respectivo hiima. Este lugar é como uma terra prometida onde há fartura das melhores frutas e caças. Os Yanomami muito generosos mortos e cremados vão para lá.

Todos irão para lá porque não há Yanomami que não seja muito generoso. À parte de baixo do nível superior, Utum - é a terra em que moram. Abaixo da terra, Maxita paruk, há outra lua e outro sol. O nível de baixo é Maxita pepihan é em tudo idêntico ao nível intermediário. Há ainda nessa parte a morada dos hecuras, - espíritos de animais, vegetais e ancestrais que tanto podem ser maléficos como benéficos. São os espíritos que auxiliam os Xamãs e são eles que controlam as forças da natureza morando no miolo de uma serra de pedra.

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