sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

(3)-DILÚVIO UNIVERSAL

Segundo a Bíblia - gênese 7: 1- 8 e 14 - O Senhor disse a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque te reconheci justo diante dos meus olhos, entre os da tua geração. De todos os animais puros tomarás sete casais, machos e fêmeas, e de todos os animais impuros tomaras um casal, macho e fêmea; das aves do céu igualmente sete casais, machos e fêmeas, para que se conserve viva a raça sobre a face de toda a terra. Dentro de sete dias farei chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites e exterminarei da superfície da terra todos os seres que eu fiz. Noé fez tudo o que o Senhor lhe tinha ordenado. Noé tinha seiscentos anos quando veio o dilúvio sobre a terra. Para escapar à inundação entrou na arca com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos. Dos animais puros e impuros, das aves e de tudo o que se arrasta sobre a terra. Entraram na arca de Noé um casal, macho e fêmea, como o Senhor tinha ordenado a Noé. Passados os sete dias, as águas do dilúvio precipitaram-se sobre a terra. No ano seiscentos da vida de Noé, no segundo mês, no décimo sétimo dia do mês, romperam-se naquele dia todas as fontes do grande abismo, e abriram-se as barreiras dos céus. A chuva caiu sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites. Naquele mesmo dia entrou Noé na arca, com Sem, Cam e Jafet, seus filhos, sua mulher e as três mulheres dos seus filhos; e com eles os animais selvagens de toda espécie, os animais domestico de toda espécie, os répteis de toda espécie que se arrastam sobre a terra, e tudo o que voa, de toda espécie, todas as aves e tudo que tem asas. De cada espécie que tem um sopro de vida um casal entrou na arca de Noé. Eles chegavam, macho e fêmea, de cada espécie como Deus tinha ordenado a Noé. E o Senhor fechou a porta atrás dele. O dilúvio caiu sobre a terra durante quarenta dias. As águas incharam e levantaram a arca que foi elevada acima da terra. As águas inundaram tudo com violência e cobriram toda a terra, e a arca flutuava sobre a superfície da água. As águas engrossaram prodigiosamente sobre a terra, e cobriram todos os altos montes que existem debaixo dos céus; e elevaram-se quinze côvados - aproximadamente 10 metros - acima dos montes que cobriam. Todas as criaturas que se moviam na terra foram exterminadas: aves, animais domésticos, feras selvagens e tudo o que se arrastava na terra, e todos os homens. Tudo o que respira e tem um sopro de vida sobre a terra pereceu. Assim foram exterminados todos os seres que se encontravam sobre a face da terra, desde os homens até os quadrúpedes, tanto os répteis como as aves do céu, tudo foi exterminado da terra. Só Noé ficou e o que se encontrava com ele na arca. As águas cobriram a terra pelo espaço de cento e cinqüenta dias.
Ora, Deus lembrou-se de Noé, e de todos os animais selvagens e de todos os animais domésticos que estavam com ele na arca. Fez soprar um vento sobre a terra, e as águas baixaram. As fontes do abismo fecharam-se, assim como as barreiras dos céus, e foram retiradas as chuvas. As águas foram se retirando progressivamente da terra; e começaram a baixar depois de cento e cinqüenta dias. No sétimo mês, no décimo sétimo dia do mês, a arca parou sobre as montanhas do Ararat. Entretanto, as águas iam diminuindo pouco a pouco até o décimo mês; e no décimo mês, no primeiro dia do mês, apareceram os cumes das montanhas.
No fim de quarenta dias, abriu Noé a janela que tinha feito na arca e deixou sair um corvo, o qual, saindo, voava de um lado para o outro, até que aparecesse a terra seca. Soltou também uma pomba, para ver se as águas teriam já diminuído na face da terra. A pomba, porem, não encontrando aonde pousar, voltou para junto dele na arca, porque havia ainda água na face da terra. Noé estendeu a mão, e tendo-a tomado, recolheu-a na arca. Esperou mais sete dias, e soltou de novo a pomba fora da arca. E eis que pela tarde ela voltou, trazendo no bico uma folha verde de oliveira. Assim Noé compreendeu que as águas tinham baixado sobre a terra. Esperou ainda sete dias, e soltou a pomba que desta vez não mais voltou.
No ano seiscentos e um, no primeiro mês, no primeiro dia do mês, as águas se tinham secado sobre a terra. Noé descobriu o teto da arca, olhou e viu que a superfície de solo estava seca. No segundo mês, no vigésimo sétimo dia do mês, a terra estava seca.
Segundo os chineses - No livro “Ch’ing-ting-ku-chin-t’su-shu-shi-ch’eng”, editado por imposição imperial para deixar para a posteridade todos os conhecimentos que aquela civilização possuía, os primeiros missionários jesuítas que visitaram a china leram: a terra inicialmente estremeceu e o céu abaixou. O sol, a lua e as estrelas mudaram seu percurso e depois a terra se abriu e do seu interior as águas se elevaram para o alto com violência e a inundaram. O homem se tinha rebelado ao seu Deus e o universo, desarmonizando-se, causou drásticas alterações em toda a natureza. Antes disso, porém, o deus trovão tinha dado um dente a duas crianças: Nuwa e Fuxi, pedindo que fosse plantado para que depois, quando a abóbora que ia nascer crescesse o suficiente, nela se abrigassem. Do dente nasceu imediatamente uma planta que produziu uma abóbora gigante. Quando o deus trovão começou a fazer chover as crianças subiram na abóbora e se abrigam dentro dela. Quando o dilúvio terminou não havia mais nenhum homem vivo e os dois únicos sobreviventes, Nuwa e Fuxi, repovoaram a terra.
Segundo os gregos - Nas odes de Pindaro, poeta lírico grego que viveu entre o ano 518 a 438 antes de Cristo e nos escritos de Apolônio de Rodes, poeta e gramático de Alexandria - 295 a 230 antes de Cristo - autor do poema Argonautas, quando o mítico Deucalião, filho de Prometeu, era rei de Ftiótis, na Tessália, ao sul do monte Olímpio, no litoral do mar Egeu, Zeus, o rei dos deuses do Olímpo, resolveu exterminar com um dilúvio a humanidade porque era irreverente e maligna. Para fugir à sua ira Deucalião fez construir uma arca mandando colocar nela as provisões necessárias para ele e sua esposa Pirra. Quando ele e a mulher entraram na arca o dilúvio começou e inundou a Grécia matando quase todos os seres humanos. Durante o dilúvio formaram-se as montanhas da Tessália, e quando o dilúvio terminou, aproximadamente nove dias e nove noites depois, a arca de Deucalião parou sobre o monte Parnaso. Quando Deucalião desceu da arca ofereceu um sacrifício a Zeus, e este mandou que ele e sua esposa Pirra jogassem, sem olhar, pedras trás de si. As pedras lançadas por Deucalião se transformaram em homens e as jogadas por Pirra em mulheres. Estes novos seres repovoaram o mundo.
Segundo os índios americanos - Existem, entre as tribos índias da América inúmeras lendas que tem em comum um dilúvio que destruiu a humanidade a exceção de algumas poucas pessoas. A dos Arikara diz que uma vez a terra era habitada por uma raça de gigantes, pessoas tão forte e tão confiante em si mesmas que faziam pouco causo dos deuses. O deus Nesaru, aborrecido, destruiu os gigantes por meio de um dilúvio, mas preservou seu povo e os animais pedindo-lhes que permanecessem em uma imensa gruta no alto de uma montanha.
Segundo os Incas - uma lenda Inca diz que este povo foi fundado por um grupo de sobreviventes de um dilúvio. No livro “Sociografia do Inkario”, aparentemente ainda não traduzido para o Português, é afirmado que todas as tradições das gentes do altiplano andino falam de um dilúvio que submergiu a terra inteira. Esta lenda diz que o dilúvio dizimou quase todos os seres vivos a exceção daqueles que conseguiram se esconder em tempo em uma gruta no alto de uma grande montanha. Estes deram origem às raças andinas.
Analogicamente os Maias do México e da América central tem uma lenda que fala de um dilúvio universal, o haiyococab, que significa “água sobre a terra”. O bispo católico “Las Casas” escreveu que os índios guatemaltecos chamam o dilúvio Butic, que significa inundação de muitas águas.
A mitologia Asteca fala em quatro períodos anteriores a era atual sendo a primeira habitada por gigantes. Nela se fala de um dilúvio no qual as águas de cima se misturaram com as de baixo apagando os horizontes e transformando tudo em um oceano cósmico.
Outra lenda conta que no quarto período a deusa das águas era Chalchihuitlicue e que seu reino perecera com o dilúvio sendo que os únicos sobreviventes eram os homens que haviam conseguido se transformar em peixes.


Outras lendas astecas e de outros povos andinos dão vários nomes aos sobreviventes do dilúvio: Coxcox, Tezpi, e Teoci-pactli, afirmando que sobreviveram por terem construído uma grande jangada e libertado ao longo do período inúmeras aves. Todas voltavam à exceção daquelas que se alimentavam com os corpos dos animais ou seres humanos que boiavam nas águas por se terem afogado. Um dia um pequeno colibri voltou com uma folha no bico e isso permitiu que a jangada ancorasse na montanha chamada Colhuacan. Quando as águas se retiraram construíram Cholula, uma grande pirâmide, com o objetivo de servir de abrigo se houvesse outros cataclismos. Esta pirâmide existe até hoje.
Os escritos Maias, como Popui Vuh, falam de sobreviventes que se esconderam em cavernas até o termino das inundações. As grutas subterrâneas são numerosas no Yucatan, e algumas contêm desenhos rupestres e esculturas de enormes animais, alguns com rostos humanos. Algumas delas contem provas visíveis que permaneceram submersas uma vez que até hoje existem vestígios de moluscos e crustáceos marinhos encravados em suas rochas.
Segundo os russos - Os soyot da Sibéria Rússia contam que uma gigantesca rã, sobre a qual se apoiava a terra, um dia se moveu e assim o mundo ficou inundado. Os sobreviventes foram somente um ancião e a sua família que se mantiveram sobre uma jangada até que esta parasse sobre uma alta montanha.
As lendas dos ugres, da mesma região ocidental e da Hungria, também falam do dilúvio e dizem que os sobreviventes do dilúvio para se salvar utilizaram jangadas e que estas, quando as águas começaram a baixar, andaram a deriva e desta forma foram levadas para varias regiões da terra povoando-as.
Segundo os persas - Na mitologia Persa o que soube prever o dilúvio chamava-se Yima e, ao contrário dos outros, construiu um enorme subterrâneo chamado vara com três andares e imensos corredores. Após terminá-lo convidou mil casais que selecionou com apuro, ou seja, os que não possuíam costumes reprováveis, não eram leprosos e tinham até bons dentes. Yima e seus companheiros permaneceram sob a terra enquanto na superfície havia incêndios, inundações e terremotos. Quando tudo terminou voltaram à superfície e repovoaram a terra.
Segundo os hindus - Na mitologia hindu existem varias versões com o mesmo protagonista, Manu, que é considerado o pai da humanidade e o primeiro legislador: Uma manhã levaram para Manu água para se lavar. Ao colocar suas mãos na água um pequeno peixe se deixou pegar - era Visnu na encarnação Matsya - que disse: cuida de mim e eu te salvarei. Do que você vai me salvar perguntou Manu? Um dilúvio virá e exterminará a humanidade. Você será o único sobrevivente. O que devo fazer para cuidar de você? O pequeno peixe instruiu Manu. Tempos depois o peixe disse: no ano tal acontecerá o dilúvio de que te falei. Constrói uma nave e quando as águas do dilúvio chegarem você embarca nela e eu te levarei a salvo. Manu seguiu as instruções e quando o dilúvio chegou entrou nela e o peixe, já grande, a puxou até a montanha norte. Depois disse: Você está salvo. Amarra a nave a uma arvore mas não deixe que a água te isole enquanto estiver na montanha. Quando a água se retirar você pode começar a descer! Satapatha-Brahmana.
Na outra versão o deus de Manu o advertiu que deveria construir um navio uma vez que aconteceria um dilúvio e nesta embarcação ele deveria embarcar com outros sete – rishi - sábios. Oito pessoas ao todo. Depois que a nau posou sobre o monte as águas do dilúvio baixaram e Manu saiu do navio e ofereceu o primeiro sacrifício ao seu deus yuga.
Segundo os índios Yanomami - Caiu o céu, fez se um buraco. Um pequeno buraco no céu com muitas falhas. O céu caiu, um buraco se fez no céu. O céu estrala. Uma parte do céu fica no lugar. Outra, caindo, matava jacamins no mato cerrado. Há uma onça, uma onça sentada. Muito longe tem uma maloca bonita de Yanomami. O rio se enche muito. Ficou muito grande, enorme. Na margem do rio a caça anda espalhada, anta, capivara, jacamim, jacu, papagaio, inambu-galinha, socó-boi, cuxiu. Um jacu valente esta apoiado nos galhos de uma arvore. Ficaram poucos Yanomami, acabaram. Só alguns ficaram morando. A grande enchente acabou com eles. Não sai mais água da terra. Todas as crianças morreram enquanto trepavam nas arvores para fugir da água. Outros Yanomami vão fugindo porque à água é muito funda. O buraco. O céu se fende e uma parte fica no lugar. O céu rompeu-se. Faz-se um buraco no céu. Na terra, onde desabou o céu, se faz um buraco.
Lá, longe, está o buraco. Hitão - nome de um Yanomami hoje existente do grupo tribal Hwayautheri - foi até lá. O buraco é muito fundo, e o fundo é luminoso como aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário