sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

(5)-GLACIAÇÃO WURM

No Planeta Terra, por ser um ecossistema autônomo, o índice pluviométrico das chuvas, por maior que seja, jamais pode ser superior ao volume de água que dele se eleva através da evaporação para se condensar na atmosfera. Assim sendo, enquanto muitas religiões, por ser um texto bíblico, continuam vendendo a estória da arca de Noé (mesmo se dentro delas há uma crescente discordância por parte dos mais esclarecidos) a ciência, mesmo se ainda não oficialmente, já o elucidou da única forma possível: a verdadeira. Foi o amalgama que se formou misturando história e ciência, com mitologia e geofísicas que levou em 1997 os geólogos Walter Pitman e William Ryan a se aprofundar na matéria. As pesquisas que eles desenvolveram, mergulhando, vistoriando os locais, recolhendo e analisando amostras dos estrados sedimentares do mar Negro, demonstraram que naquela área, entre 5 a 6 mil anos a.C. existia um lago de água doce, e depois desta data, um fluxo de água proveniente do mar Mediterrâneo - atravessando o estreito do Bósforo - começou a despejar no mar Negro cerca de 10 quilômetros cúbicos de água por dia, em outras palavras, cerca de 300 vezes o volume de água que diariamente jorra das cascatas de Iguaçu.
Posteriormente, em 1999, durante a conferencia internacional “Oceanography of the Eastern Mediterraneam and Black Sea similarities and differences of twu interconneted basins” em Atenas, alguns pesquisadores tiveram a idéia de programar um outro evento: o “Noah 2000 International Projet” - Projeto Internacional Noé 2000. Concluído o evento, duas situações novas haviam surgido. A primeira, devido a provas que emergiram, permitiu concluir que no período neolítico, entre as antigas margens do mar negro e a do Mediterrâneo - margens estas ainda hoje perfeitamente identificáveis sob as águas - varias culturas haviam habitado o local. E a segunda foi à elaboração de um cenário recriando o que provavelmente havia acontecido no local para dar origem à “história” de Noé.
Durante as glaciações continentais a depressão do mar Negro havia se transformado em um imenso lago gelado e quando começou o degelo - que com suas águas viria a provocar o aumento global do nível dos mares - recebendo imenso volume de água vindo das montanhas, passou a despejar a que não podia reter no mar Mediterrâneo, cujo nível, como foi dito, era bem mais baixo, através dos estreitos do Bósforo e dos Dardanelos. Contudo, na proporção em que as geleiras do mundo continuavam a se derreter, o mar Mediterrâneo, devido a sua conexão com os demais, começou a ter seus níveis de água acentuadamente aumentados até inverter o processo, ou seja, a ser ele a despejar enormes quantidades de água no mar Negro, e através dele, a alagar a maior parte dos territórios adjacentes.

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1: Mar Mediterrâneo vendo-se no alto, à direita, o mar Negro.
2: período em que o mar negro despejava as água que recebia das montanhas devido ao degelo no mar Mediterrâneo.
3: período em que o nível da água dos mares, devido ao degelo (estima-se que tenha crescido 100 metros), fez com que o fosse o Mediterrâneo a despejar água no mar Negro.

Este período considera a ultima fase da glaciação Wurm que ficou conhecida pela serie de “ondas” quentes que se manifestaram 14.500, 13.00, 10.600 e 10.000 anos atrás até provocar um significativo aumento da temperatura global. Logo depois, cerca de 5.600 anos antes de Jesus Cristo, tem origem os quatro grandes mitos associados ao dilúvio; O bíblico e três de origem mesopotamicos, todos eles repetindo a mesma historia até nas particularidades: houve um aviso, construíram um barco, carregaram animais, a inundação chega, o patriarca navega com a sua família, liberta pássaros para checar se existe terra seca acima da água e finalmente todos deixam o barco e agradecem aos deuses ou “deus” no caso de Noé.
A origem e a cronologia são a mesma, e é até lógica se inserida no contesto de uma inundação de grandes proporções. Entretanto, o que para muitos é alógico, é a raiz do aviso.
A este respeito existem dois diferentes enfoques que por sua vez podem se fundir em um só. Mas antes de prosseguirmos vamos visualizar o estreito do Bósforo.


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1: mapa antigo – Neste mapa, por ser detalhado, vê-se a cidade de Istambul - antiga Constantinopla - e ao lado dela o estreito do Bósforo.
2: foto NASA – vê-se no centro dela, bem visível, o estreito do Bósforo ligando o mar Mediterrâneo ao mar Negro.

Um dos possíveis enfoques a respeito da raiz do aviso surge da consideração que, como a área era habitada, alguém, vendo que o nível da água do mar Mediterrâneo crescia sem cessar, simplesmente previu que a inundação iria acontecer.
Esta antevisão, previsivelmente assustadora considerando que a área - como até hoje é - era uma imensa planície, não deve ter deixado outra opção a não ser construir algo que navegasse com a dimensão necessária para salvar não só a família, mas seus bens, e entre estes os animais que possuíam.
Se acrescentarmos ainda que naquela época os fenômenos eram considerados uma manifestação divina, e quando se materializavam através de catástrofes, um castigo de “deus”, temos os ingredientes para a elaboração dos quatro mitos que na verdade são interpretações diferentes de um feito único que provavelmente é o de Noé.
Na Mesopotâmia, naquela época, assim como no Egito, começava-se a utilizar a escrita –hieróglifos - mas esta ciência permaneceu restrita - como continuou sendo por alguns milhares de anos ainda - aos sacerdotes.
Mesmo estes, no entanto, só passaram a utilizá-la para historiar fatos de cunho religiosos muito tempo depois. Em substancia o livro gênese, como os demais que compõem e velho testamento, deve ter sido escrito depois que Ciro, o rei da Pérsia - 558-528 a.C. - tomou a Babilônia e permitiu que os hebreus que lá se encontravam exilados retornassem para Israel. O que significa dizer que o feito de Noé, quando foi escrito aproximadamente 5.000 anos depois, não passava de um mito.
Não se pode desconsiderar, no entanto, a possibilidade que “alguém” tenha recebido de fato uma comunicação, não do “deus” bíblico, mas simplesmente daqueles que sempre tentam ajudar quando alguém possue merecimentos, em outras palavras espíritos do plano superior que na teologia cristã são chamados “espírito santo”.
Mas á outros detalhes que devem ser inseridos para que o cenário que foi desenhado no Projeto Internacional Noé 2000 se aproxime um pouco mais do verdadeiro.
· A 4.200 de altura do monte Ararat, na Turquia, existe uma grande estrutura de madeira sepultada sob muitos metros de gelo.
· Nos primeiros anos do século XIX este objeto, depois de ter sido observado por muitos exploradores, foi considerado o barco de Noé pelas autoridades turcas.
· Em 1955 uma expedição visitou o local, o filmou e retirou pedaços de madeira desta estrutura, madeira essa que, submetida aos testes de datação, demonstrou ter aproximadamente 5 mil anos de idade. Mais do que isso, chegaram a provar que a madeira não era daquela região.


Foto de satélite do Monte Ararat, um maciço vulcânico de 5.165 metros de altura

A pergunta que nesse momento pode ser formulada é a seguinte: como uma estrutura de madeira, seja ela de um barco ou não, pode ter sido elevada a 4.200 metros em uma montanha na Turquia? A primeira resposta é que toda aquela área foi alagada pelas águas do Mediterrâneo e a segunda diz respeito ao fato que toda aquela região, por estar circundada por placas tectônicas - naquela época muito mais instáveis do que são hoje -3 estava sujeita a constantes distúrbios telúricos e foram estes que se encarregaram de elevar o monte Ararat e com ele a madeira que nele estava incrustada.

mapa placas tectônicas

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